Sociologia - 4º ano - 2009/2 - TRABALHO
Classes sociais e estratificação
1. Estabeleça a relação entre estratificação social e mobilidade social.
2. Entre os tipos de estratificação social, um deles tem sido o determinante.
Dê o nome desse tipo de estratificação social e explique sua importância na caracterização da sociedade.
3. Compare a mobilidade social nas sociedades de castas, estamentos e classes sociais.
Se preferir, faça um quadro ou um esquema.
4. Em que estrato a mobilidade social ocorre com mais facilidade?
5. O que você entende por classe social?
6. Qual a contradição fundamental entre as duas principais classes da sociedade capitalista?
7. Como você define as classes médias?
8.Pesquise dados que possibilitam formar uma idéia sobre a estratificação social no Brasil de hoje?
Classes sociais e estratificação
Os três tipos de sociedades estratificadas – castas sociais – Há séculos, a população da Índia está distribuída em um sistema de estratificação social rígido e fechado, que não oferece a menor possibilidade de mobilidade social. É o sistema de castas.
Enquanto nas sociedades ocidentais pessoas de níveis ocidentais diferentes podem se casar – o que não raro possibilita a ascensão social de um dos cônjuges - , na Índia o casamento só é permitido entre pessoas da mesma casta.
As castas são grupos sociais fechados, cujos membros seguem rigorosamente as tradições familiares. Na casta mais elevada estão os brâmanes, que são os sacerdotes e os mestres da erudição sacra. Segundo sua crença, a eles compete preservar a ordem social, estabelecida por orientação divina. Logo após, a segunda casta, os xátrias, guerreiros que formam a aristocracia militar. A terceira grande casta – a dos vaixás- é formada pelos comerciantes, artesãos e camponeses. Os sudras, por sua vez, executam os trabalhos manuais e diversas tarefas servis. São uma casta depreciada, tendo o dever de servir as três castas superiores. A maioria são os párias, grupos de miseráveis, desprovidos de direitos e sem profissão definida. Totalmente desprezados pelas demais castas, vivem da caridade alheia e cabe a eles as piores tarefas, como limpar fossas e lavar cadáveres. Os párias não podem banhar-se nas águas do Ganges (o que é permitido às outras castas), nem ler os Vedas, que são os livros sagrados dos hindus.
Embora o sistema de castas tenha sido abolido oficialmente em 1947, quando a Índia conquistou a independência sob a liderança de Mahatma Gandhi.
Estamentos ou estados – A sociedade estratificada em estamentos pode ser encontrado na Europa ocidental durante a Idade Média (476-1453), sob a vigência do modo de produção feudal.
Na sociedade feudal, a ascensão era possível nos raros casos em que a Igreja recrutava seus membros entre os mais pobres; quando os servos eram emancipados por seus senhores; no caso de o rei conferir um título de nobreza a um homem do povo; ou, ainda, se a filha de um rico comerciante se casasse com um nobre, tornando-se, assim, membro da aristocracia.
A nobreza e o alto clero eram os donos da terra da qual obtinham renda explorando o trabalho dos servos. Os nobres se dedicavam à guerra e à caça, cuidavam da administração do feudo e exerciam o poder judiciário em seus feudos.
O alto clero (cardeais, arcebispos, bispos, abades) era uma elite eclesiástica e intelectual. Seus membros vinham da nobreza. Constituíam também a única camada letrada na primeira fase do período medieval, desempenhando importantes funções administrativas.
Abaixo da camada dos nobres, encontravam-se os comerciantes. Embora ricos, muitas vezes eles não tinham os mesmos privilégios da nobreza. Mais abaixo estavam os artesãos, os camponeses livres e o baixo clero. Os artesãos viviam nas cidades, reunidos em associações profissionais, as corporações de oficio; os camponeses livres trabalhavam a terra e vendiam seus produtos agrícolas nas vilas e cidades; o baixo clero, originário da população pobre, convivia com o povo prestando-lhe assistência religiosa.
Abaixo de todos estavam os servos, que trabalhavam a terra para si e para seus senhores, vivendo em condições precárias: estavam ligados à terra, passando a ter novo senhor quando a terra mudava de dono.
Classe social – O conceito de classe social desenvolvido pelo pensador alemão Karl Marx, parte das premissas próprias, segue critérios específicos e sua aplicação leva a conclusões totalmente diferentes das que podem ser encontradas nos estudos que analisam a sociedade segundo o modelo descritivo da estratificação social.
No semestre passado estudamos que a história da humanidade é “a história da luta de classes”, portanto, a classe social é acima de tudo uma categoria histórica. E quando Marx se refere às duas grandes classes do capitalismo – a burguesia e o proletariado-, está designando duas forças motrizes e concretas do modo de produção capitalista, um sistema econômico historicamente determinado.
No entanto, o próprio Marx, não reivindicava a descoberta das classes sociais nem da luta de classes, mas sim a “demonstração de que a existência das classes só se liga a determinadas fases históricas de desenvolvimento da produção”. Marx atribuía uma importância particular aos conflitos que constituem o principal fator de mudança social. Seriam esses conflitos, portanto, que imprimiram movimento e dinamismo à sociedade.
As classes sociais mudam ao longo do tempo, conforme as circunstâncias econômicas, políticas e sociais. As contradições que mantêm entre si forjam e estruturam a própria sociedade. Quando os conflitos chegam a um ponto insuportável, modificando o modo de produção.
Foi o que aconteceu, com o feudalismo: uma nova classe (a burguesia) derrubou um velho estamento (a nobreza), gerando a sociedade capitalista. A Revolução Francesa de 1789 foi uma das expressões dessa transformação.
Mas a nova sociedade capitalista, na concepção de Marx, já começou dividida em duas grandes classes conflitantes: a burguesia (proprietária dos meios de produção) e o proletariado, ou classe operaria, que só tem de seu a força de trabalho Vladimir Lênin (1874 – 1924), líder da Revolução Russa de 1917 e um dos grandes pensadores marxista, definiu o sistema de classes da seguinte forma: “As classes são grupos de homens relacionados de tal forma que uns podem apropriar-se do trabalho de outros por ocupar posições diferentes num regime determinado de economia social”.
Os homens e mulheres que formam as classes sociais se diferenciam entre si pelo lugar que ocupam na produção. Alguns desempenham cargos de direção e são proprietários de fabricas e empresas de todo tipo (meios de produção); outros apenas executam as tarefas determinadas pelos chefes em troca de um salário; são os trabalhadores. É a propriedade privada dos meios de produção que constitui a base econômica da divisão de nossa sociedade em classes.
A divisão baseada no regime de propriedade faz com que uma classe seja dominante, e a outra, dominada, numa relação sistemática de dominação e exploração.
As classes sociais só existem a partir da relação que estabelecem entre si. Nesse sentido, as classes são, alem de antagônicas, necessariamente completares. A burguesia, por exemplo, não pode existir sem o proletariado.
Complementares, porque são elas que fazem funcionar o sistema. Antagônicas, porque uma delas (a burguesia) se apropria do trabalho da outra (o proletariado), o que gera o conflito permanente.
As classes médias – Entre a burguesia e o proletariado existem outros grupos que se movem entre as duas classes fundamentais, oscilando de uma para a outra.
A pequena burguesia constitui um setor muito numeroso. Que abrange desde o dono de um pequeno armazém ate os pequenos e médios proprietários de terra, passando por todos os assalariados que trabalham em escritórios, funcionários públicos e profissionais liberais.
Ao contrario da burguesia e do proletariado, que atuam diretamente na produção social entre as classes médias (também chamadas de classe média, no singular, por muitos autores) misturam-se múltiplos papéis. Não se trata, portanto, de uma classe política e socialmente homogênea.
Segundo Karl Marx, essa heterogeneidade das classes medias explica por que, nos conflitos sociais e políticos, elas oscilam tanto, ora apoiando os interesses da grande burguesia, ora apoiando os interesses dos trabalhadores.
Mobilidade Social – É possível que alguns deles, que integram o estrato de baixa renda (camada C), passem a integrar o de renda media (camada B) ou mesmo o de renda alta (camada A).
Por outro lado, alguns indivíduos da camada A podem ter sua renda diminuída, passando a integrar as camadas B ou C. Do ponto de vista sociológico, os dois fenômenos são caracterizados como manifestações de mobilidade social.
Mobilidade social é a mudança de posição social de uma pessoa (ou grupo de pessoas) num determinado sistema de estratificação social.
A esse fenômeno, que tanto pode ser ascendente como descendente, dá-se o nome de mobilidade social. No Brasil, a chegada do ex–metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da Republica, em janeiro de 2003, é expressão dessa mobilidade.
Tipos de mobilidade social – Quando as mudanças de posição social ocorrem no sentido ascendente ou descendente na hierarquia social, dizemos que a mobilidade social é vertical. Quando a mudança de uma posição social a outra se opera dentro da mesma camada social, diz-se que houve mobilidade social horizontal.
Mobilidade social vertical – A mobilidade social vertical pode ser:
· Ascendente ou de ascensão social – quando a pessoa melhora sua posição no sistema de estratificação social, passando a integrar um grupo economicamente superior ao seu grupo anterior;
· Descendente ou de queda social – quando a pessoa piora de posição no sistema de estratificação, passando a integrar um grupo economicamente inferior.
Assim, tanto a subida quanto a descida na hierarquia social são manifestações de mobilidade social vertical.
Mobilidade social horizontal – posição social, mesmo estrato social.
Assim, a mudança de uma posição social dentro da mesma camada social caracteriza – se como mobilidade social horizontal.
Democracia e mobilidade social – o fenômeno da mobilidade social varia de uma sociedade para outra.
A mobilidade social ascendente é mais freqüente numa sociedade democrática aberta que enaltece a escalada rumo ao topo de indivíduos de origem humilde – como nos Estados Unidos –, do que numa sociedade de tradição aristocrática, como a Inglaterra.
Mesmo numa sociedade capitalista mais aberta, a mobilidade social vertical não se dá de maneira igual para todos os indivíduos. A ascensão social depende muito da origem de classes de cada individuo.
Alguém que nasce e vive numa camada social elevada tem mais oportunidades e condições de se manter nesse nível, ascender ainda mais e se sair melhor do que os originários das classes inferiores.