quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sociologia - 4º ano - 2009/2 - TRABALHO

Sociologia - 4º ano - 2009/2 - TRABALHO

Classes sociais e estratificação

1. Estabeleça a relação entre estratificação social e mobilidade social.

2. Entre os tipos de estratificação social, um deles tem sido o determinante.
Dê o nome desse tipo de estratificação social e explique sua importância na caracterização da sociedade.

3. Compare a mobilidade social nas sociedades de castas, estamentos e classes sociais.
Se preferir, faça um quadro ou um esquema.

4. Em que estrato a mobilidade social ocorre com mais facilidade?
5. O que você entende por classe social?

6. Qual a contradição fundamental entre as duas principais classes da sociedade capitalista?

7. Como você define as classes médias?

8.Pesquise dados que possibilitam formar uma idéia sobre a estratificação social no Brasil de hoje?


Classes sociais e estratificação

Os três tipos de sociedades estratificadas – castas sociais – Há séculos, a população da Índia está distribuída em um sistema de estratificação social rígido e fechado, que não oferece a menor possibilidade de mobilidade social. É o sistema de castas.
Enquanto nas sociedades ocidentais pessoas de níveis ocidentais diferentes podem se casar – o que não raro possibilita a ascensão social de um dos cônjuges - , na Índia o casamento só é permitido entre pessoas da mesma casta.
As castas são grupos sociais fechados, cujos membros seguem rigorosamente as tradições familiares. Na casta mais elevada estão os brâmanes, que são os sacerdotes e os mestres da erudição sacra. Segundo sua crença, a eles compete preservar a ordem social, estabelecida por orientação divina. Logo após, a segunda casta, os xátrias, guerreiros que formam a aristocracia militar. A terceira grande casta – a dos vaixás- é formada pelos comerciantes, artesãos e camponeses. Os sudras, por sua vez, executam os trabalhos manuais e diversas tarefas servis. São uma casta depreciada, tendo o dever de servir as três castas superiores. A maioria são os párias, grupos de miseráveis, desprovidos de direitos e sem profissão definida. Totalmente desprezados pelas demais castas, vivem da caridade alheia e cabe a eles as piores tarefas, como limpar fossas e lavar cadáveres. Os párias não podem banhar-se nas águas do Ganges (o que é permitido às outras castas), nem ler os Vedas, que são os livros sagrados dos hindus.
Embora o sistema de castas tenha sido abolido oficialmente em 1947, quando a Índia conquistou a independência sob a liderança de Mahatma Gandhi.

Estamentos ou estados – A sociedade estratificada em estamentos pode ser encontrado na Europa ocidental durante a Idade Média (476-1453), sob a vigência do modo de produção feudal.
Na sociedade feudal, a ascensão era possível nos raros casos em que a Igreja recrutava seus membros entre os mais pobres; quando os servos eram emancipados por seus senhores; no caso de o rei conferir um título de nobreza a um homem do povo; ou, ainda, se a filha de um rico comerciante se casasse com um nobre, tornando-se, assim, membro da aristocracia.
A nobreza e o alto clero eram os donos da terra da qual obtinham renda explorando o trabalho dos servos. Os nobres se dedicavam à guerra e à caça, cuidavam da administração do feudo e exerciam o poder judiciário em seus feudos.
O alto clero (cardeais, arcebispos, bispos, abades) era uma elite eclesiástica e intelectual. Seus membros vinham da nobreza. Constituíam também a única camada letrada na primeira fase do período medieval, desempenhando importantes funções administrativas.
Abaixo da camada dos nobres, encontravam-se os comerciantes. Embora ricos, muitas vezes eles não tinham os mesmos privilégios da nobreza. Mais abaixo estavam os artesãos, os camponeses livres e o baixo clero. Os artesãos viviam nas cidades, reunidos em associações profissionais, as corporações de oficio; os camponeses livres trabalhavam a terra e vendiam seus produtos agrícolas nas vilas e cidades; o baixo clero, originário da população pobre, convivia com o povo prestando-lhe assistência religiosa.
Abaixo de todos estavam os servos, que trabalhavam a terra para si e para seus senhores, vivendo em condições precárias: estavam ligados à terra, passando a ter novo senhor quando a terra mudava de dono.

Classe social – O conceito de classe social desenvolvido pelo pensador alemão Karl Marx, parte das premissas próprias, segue critérios específicos e sua aplicação leva a conclusões totalmente diferentes das que podem ser encontradas nos estudos que analisam a sociedade segundo o modelo descritivo da estratificação social.
No semestre passado estudamos que a história da humanidade é “a história da luta de classes”, portanto, a classe social é acima de tudo uma categoria histórica. E quando Marx se refere às duas grandes classes do capitalismo – a burguesia e o proletariado-, está designando duas forças motrizes e concretas do modo de produção capitalista, um sistema econômico historicamente determinado.
No entanto, o próprio Marx, não reivindicava a descoberta das classes sociais nem da luta de classes, mas sim a “demonstração de que a existência das classes só se liga a determinadas fases históricas de desenvolvimento da produção”. Marx atribuía uma importância particular aos conflitos que constituem o principal fator de mudança social. Seriam esses conflitos, portanto, que imprimiram movimento e dinamismo à sociedade.
As classes sociais mudam ao longo do tempo, conforme as circunstâncias econômicas, políticas e sociais. As contradições que mantêm entre si forjam e estruturam a própria sociedade. Quando os conflitos chegam a um ponto insuportável, modificando o modo de produção.
Foi o que aconteceu, com o feudalismo: uma nova classe (a burguesia) derrubou um velho estamento (a nobreza), gerando a sociedade capitalista. A Revolução Francesa de 1789 foi uma das expressões dessa transformação.
Mas a nova sociedade capitalista, na concepção de Marx, já começou dividida em duas grandes classes conflitantes: a burguesia (proprietária dos meios de produção) e o proletariado, ou classe operaria, que só tem de seu a força de trabalho Vladimir Lênin (1874 – 1924), líder da Revolução Russa de 1917 e um dos grandes pensadores marxista, definiu o sistema de classes da seguinte forma: “As classes são grupos de homens relacionados de tal forma que uns podem apropriar-se do trabalho de outros por ocupar posições diferentes num regime determinado de economia social”.
Os homens e mulheres que formam as classes sociais se diferenciam entre si pelo lugar que ocupam na produção. Alguns desempenham cargos de direção e são proprietários de fabricas e empresas de todo tipo (meios de produção); outros apenas executam as tarefas determinadas pelos chefes em troca de um salário; são os trabalhadores. É a propriedade privada dos meios de produção que constitui a base econômica da divisão de nossa sociedade em classes.
A divisão baseada no regime de propriedade faz com que uma classe seja dominante, e a outra, dominada, numa relação sistemática de dominação e exploração.
As classes sociais só existem a partir da relação que estabelecem entre si. Nesse sentido, as classes são, alem de antagônicas, necessariamente completares. A burguesia, por exemplo, não pode existir sem o proletariado.
Complementares, porque são elas que fazem funcionar o sistema. Antagônicas, porque uma delas (a burguesia) se apropria do trabalho da outra (o proletariado), o que gera o conflito permanente.
As classes médias – Entre a burguesia e o proletariado existem outros grupos que se movem entre as duas classes fundamentais, oscilando de uma para a outra.
A pequena burguesia constitui um setor muito numeroso. Que abrange desde o dono de um pequeno armazém ate os pequenos e médios proprietários de terra, passando por todos os assalariados que trabalham em escritórios, funcionários públicos e profissionais liberais.
Ao contrario da burguesia e do proletariado, que atuam diretamente na produção social entre as classes médias (também chamadas de classe média, no singular, por muitos autores) misturam-se múltiplos papéis. Não se trata, portanto, de uma classe política e socialmente homogênea.
Segundo Karl Marx, essa heterogeneidade das classes medias explica por que, nos conflitos sociais e políticos, elas oscilam tanto, ora apoiando os interesses da grande burguesia, ora apoiando os interesses dos trabalhadores.
Mobilidade Social – É possível que alguns deles, que integram o estrato de baixa renda (camada C), passem a integrar o de renda media (camada B) ou mesmo o de renda alta (camada A).
Por outro lado, alguns indivíduos da camada A podem ter sua renda diminuída, passando a integrar as camadas B ou C. Do ponto de vista sociológico, os dois fenômenos são caracterizados como manifestações de mobilidade social.
Mobilidade social é a mudança de posição social de uma pessoa (ou grupo de pessoas) num determinado sistema de estratificação social.
A esse fenômeno, que tanto pode ser ascendente como descendente, dá-se o nome de mobilidade social. No Brasil, a chegada do ex–metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da Republica, em janeiro de 2003, é expressão dessa mobilidade.
Tipos de mobilidade social – Quando as mudanças de posição social ocorrem no sentido ascendente ou descendente na hierarquia social, dizemos que a mobilidade social é vertical. Quando a mudança de uma posição social a outra se opera dentro da mesma camada social, diz-se que houve mobilidade social horizontal.
Mobilidade social vertical – A mobilidade social vertical pode ser:
· Ascendente ou de ascensão social – quando a pessoa melhora sua posição no sistema de estratificação social, passando a integrar um grupo economicamente superior ao seu grupo anterior;
· Descendente ou de queda social – quando a pessoa piora de posição no sistema de estratificação, passando a integrar um grupo economicamente inferior.
Assim, tanto a subida quanto a descida na hierarquia social são manifestações de mobilidade social vertical.
Mobilidade social horizontal – posição social, mesmo estrato social.
Assim, a mudança de uma posição social dentro da mesma camada social caracteriza – se como mobilidade social horizontal.
Democracia e mobilidade social – o fenômeno da mobilidade social varia de uma sociedade para outra.
A mobilidade social ascendente é mais freqüente numa sociedade democrática aberta que enaltece a escalada rumo ao topo de indivíduos de origem humilde – como nos Estados Unidos –, do que numa sociedade de tradição aristocrática, como a Inglaterra.
Mesmo numa sociedade capitalista mais aberta, a mobilidade social vertical não se dá de maneira igual para todos os indivíduos. A ascensão social depende muito da origem de classes de cada individuo.
Alguém que nasce e vive numa camada social elevada tem mais oportunidades e condições de se manter nesse nível, ascender ainda mais e se sair melhor do que os originários das classes inferiores.






Sociologia - 2º ano - 2009/2 - TRABALHO

Avaliação de Sociologia - TRABALHO

1. Explique a importância dos limites territoriais para a análise sociológica de uma comunidade.


2. Cite as quatro principais características de uma comunidade. Depois, responda: O que você entende por comunidade homogênea?


3. Quais as principais diferenças entre as sociedades comunitárias e as sociedades societárias?


4. De seu ponto de vista, o que tem provocado o aumento do individualismo no mundo de hoje?


5. Elabore um conceito de cidadania.


6. Interprete este conceito político italiano Norberto Bobbio: “O direito do cidadão é a conversão universal, em direito positivo, dos direitos do homem”.


7. Escolha uma minoria que se destaca no cenário brasileiro e escreva sobre a sua atuação.


COMUNIDADE, SOCIEDADE, CIDADANIA

Muitos cientistas sociais consideram comunidades apenas determinados agrupamentos humanos de base territorial limitada e nos quais predominam relações pessoais de parentesco ou de vizinhança.

Comunidade_ Para identificar, descrever e analisar uma comunidade é preciso estar diante de grupos sociais unidos por laços afetivos. A proximidade física entre as pessoas, que a vida em pequenas comunidades proporciona, permite vínculos mais afetivos entre elas e, portanto, um maior sentimento de solidariedade.

Características da comunidade_ nitidez, pequenez, homogeneidade, relações pessoais. Ao mesmo tempo, a pequena comunidade cultiva uma forma de vida que acompanha seus membros do berço ao túmulo.

A Internet e as comunidades virtuais_ Nas grandes cidades de todo o mundo assiste-se hoje à formação de microgrupos, de tribos urbanas como os punks, os surfistas, os rappers, as gangues de periferia cujos membros não têm outro objetivo senão o de estarem juntos.
Ao lado deles surgem também grupos (comunidades virtuais) formados pelo contato virtual proporcionado por redes de computadores como a Internet. Nessas novas “comunidades virtuais” ocorre a inversão do processo de formação dos laços de afinidade social, cuja comunicação é eletrônica. A presença física deixa de ser uma das precondições para a realização do contato.
As tribos eletrônicas, que se formaram no coração do ciberespaço, são expoentes da era tecnológica, que está promovendo o casamento entre a informática e as novas formas de sociabilidade pós-modernas. A cibercultura é um fenômeno recente, em expansão continua, e como tal, sem regras e limites ainda definidos, funcionando basicamente a partir de uma comunicação espontânea, sem que se saiba quem é e onde está o outro.

O que mantém as comunidades_ A medida que a industrialização e a urbanização avança as comunidades tradicionais ainda se mantinham unidas, mais por uma necessidade imposta socialmente do que por aquilo que seus integrantes tinham em comum, e com o tempo foram perdendo o poder de integração.
É o que acontece com a família, que não está em franca decadência. Mesmo com um grande número de casamentos que tem terminado em divórcio, principalmente nos grandes centros urbanos. Nas obras de literatura do séc. XIX, vemos exemplos de famílias desfeitas, mas que permaneciam unidas mantendo as aparências imposta pela sociedade, apenas para representar um papel social. No início do séc. XX, vemos cenas comuns de pai que expulsa de casa a filha que dava a luz um filho ilegítimo, sobrava a ela poucas opções sociais, além de doar a criança, se prostituir e o suicídio. Hoje, a ligação familiar é uma associação voluntária, afetiva e de respeito mútuo e não se dá mais por uma imposição social.
Entretanto, a mobilidade geográfica e ocupacional de hoje, de forma geral, retira as pessoas do lugar e da classe social a quem pertencem, ou da cultura em que nasceram, em que estiveram presentes seus pais, irmãos e outros familiares. Atua, assim, no sentido de desagregar a unidade familiar. Ocorrendo assim, o desaparecimento gradativo das formas de comunicação tradicionais e de um modo de vida comunitário que obriga as pessoas a criar novas formas de relacionamento, novas associações, um outro tipo de organização pessoal.

Sociedade_ Os sociólogos fazem a distinção entre sociedade (seria uma associação humana caracterizada por relações baseadas em convenções e não laços afetivos) e comunidade.
Para o sociólogo alemão Ferdinand Tönnies (1855-1936), enquanto a comunidade está ligada internamente por uma vontade coletiva natural, na sociedade predomina a vontade artificial, deliberativa, proposital.

Sociedade societária_ As grandes metrópoles contemporâneas caracteriza pela acentuada divisão do trabalho e pela proliferação de papéis sociais. As relações sociais tendem a ser transitórias, superficiais e impessoais. Os indivíduos associam-se uns aos outros em função de determinados propósitos limitados. A vida perde a coesão unitária que mantinha estável a antiga comunidade. O trabalho fica distanciado da família e do lazer. A religião tende a continuar-se a determinadas ocasiões e lugares, em vez de fazer parte do convívio cotidiano das pessoas. Nessa estrutura social, a família deixa de ser o centro de união do grupo.
Na sociedade societária, os interesses comuns muitas vezes entram em conflito, e perde-se em grande parte a força de tradição. A relativa uniformidade de pensamentos da comunidade é substituída por uma enorme variedade de interesses e idéias divergentes. São relativamente poucas as crenças, os valores e padrões de comportamentos universalmente aceitos. A integração é frouxa e o grau de consenso tende a diminuir e isso pode provocar uma freqüência maior de situações de conflito.

Uma tradição dolorosa_ A distinção entre comunidade (sociedade comunitária) e sociedade societária proporciona instrumentos para a interpretação de sociedade contemporânea. Com o avanço da industrialização e da globalização, as sociedades comunitárias tendem a se transformar rapidamente em sociedades societárias. Manifestações desse processo são o crescimento sistemático das cidades, o declínio da importância da família, a ampliação do poder da burocracia, o enfraquecimento das tradições e a diminuição do papel da religião na vida cotidiana (Uma das reações a essa diminuição é o crescimento de certas igrejas, como a evangélica, nas quais os crentes desenvolvem aspectos importantes de vida comunitária).
Essas mudanças conduzem, de um lado, ao conflito, à instabilidade e as tensões psicológicas; de outro, à liberação dos sistemas de controle e de coerção, e as novas oportunidades para o desenvolvimento humano.

A cultura do individualismo_ A Sociologia contemporânea atualizou certos conceitos de comunidade e sociedade, de acordo com as novas relações sociais que vêm se estabelecendo entre os indivíduos. Um novo tipo de vida, que se baseia em relações sociais acentuadamente indiretas, são os chamados singles (pessoas que preferem viver sozinhas).
No Brasil, há quase 4 milhões de pessoas que vivem sozinhas em seus domicílios. As explicações são razões demográficas, econômicas ou particulares: as pessoas se casam menos e com mais idade (o número de solteiros é cada vez maior), o grupo dos descasados também aumenta (cerca de 150 mil pessoas se divorciam anualmente no Brasil), os casais tendem a ter menos filhos do que antigamente, é comum que, na separação, cada um arrume seu próprio canto, e há também o aumento de expectativa de vida do brasileiro (o número de idosos também aumenta). São exigentes, têm estilo próprio e colecionam manias: a tribo dos singles não para de crescer. Essa tendência é mundial. Nos Estados Unidos há 26 milhões de adultos que moram sozinhos por opção.

Uma interpretação sociológica da “tendência single”_ Os singles são sistemáticos e individualistas . alguns estudiosos acreditam que o individualismo leva à percepção de que é desvantajoso estar com outra pessoa. Os singles confessam uma certa intolerância para com o outro, prevalecendo o egoísmo. A dificuldade de estabelecer relações duradouras e o fortalecimento do individualismo poderão gerar alguns dos principais problemas sociais num futuro próximo. Eles são cada vez mais numerosos nas grandes metrópoles do que no campo (onde os estímulos para uma vida comunitária e solidária são mais fortes): um terço deles vive em cidades com mais de 1 milhão de habitantes. Ao mesmo tempo, sua formação educacional está acima da média: são geralmente bem-sucedidos na carreira profissional, ganham bem e moram, de modo geral, em casas confortáveis.

Indagações, mudanças e desafios _ Como será a sociedade no futuro? Qual será a a base do consenso e da estabilidade na sociedade pós-industrial urbana? Será necessário, para resolver nossos problemas econômicos e sociais, retomar os valores tradicionais e os modos mais antigos de organização? Serão as formas sociais alternativas (como a dos singles) apropriadas a uma sociedade complexa como a nossa, com valores muitas vezes conflitantes, como o da liberdade, da oportunidade e da individualidade? Será possível conciliar, de alguma forma, os diferentes e, muitas vezes, conflitantes tipos de vida que se estabelecem no centro e nos bairros das grandes metrópoles e em suas periferias?
Embora as metrópoles contribuam para o surgimento de novos estilos de vida, as mudanças não são muito freqüentes nos bairros pobres da periferia, onde o código moral se baseia, em geral, na ajuda mútua e podem-se encontrar relações intensas de vizinhança, nas quais os indivíduos estabeleçam contatos sociais diretos, com ações de solidariedade. Mesmo numa sociedade igualitária, preservam-se certos valores, a vida gira em torno da família, do local de moradia, das relações de vizinhança. O vizinho passa a ser quase um membro da família, um companheiro nas horas de apuro.
Entretanto, a velocidade com que estão se dando as mudanças na sociedade societária traz novos desafios: o assustador aumento da criminalidade e as dificuldades para combatê-la. Embora, em alguns lugares a solidariedade continue forte em alguns lugares da periferia, ela perde sua força nas grandes cidades; antigas instituições sociais sofrem duros golpes em sua credibilidade e legitimidade. Tudo favorece o comportamento individualista que se manifesta inclusive no desenvolvimento de estratégias de estratégias de autodefesa pessoal ou de procurar “fazer justiça pelas próprias mãos”. Mesmo algumas relações de vizinhança, onde persistem as manifestações de vida comunitária, poderão não sobreviver ao individualismo crescente, que tende a se universalizar.
Com seu estimulo ao consumo e à competição desenfreada, a economia capitalista, dinâmica e tecnologicamente inovadora, colabora para reforçar a cultura do individualismo e o isolamento; favorece a formação de uma sociedade egocêntrica, com uma frágil conexão entre seus membros, na qual as pessoas buscam satisfazer apenas suas necessidades e impulsos. Numa sociedade desse tipo, a satisfação individual está acima de qualquer obrigação comunitária.

Cidadania_ A sociedade contemporânea tem algumas características que atuam no sentido de desagregar valores cultivados não só nas antigas comunidades (solidariedade, vida familiar, igualdade de oportunidade, participação política etc.), mas também na própria sociedade societária até meados do século XX..
Mas, no interior da própria sociedade societária moderna existem forças que se opõem fortemente a essas tendências desagregadoras. Isso acontece porque todas as sociedades pós-industriais são sociedades democráticas, que se caracterizam pelo respeito aos direitos humanos, pelo “império da lei” (todos são iguais perante a lei e ninguém está acima dela), pela pluralidade de partidos políticos, pelo voto livre e universal e pela alternância no poder.
Um dos fundamentos do regime democrático é o conceito de cidadania, para o sociólogo Herbert de Souza (Betinho), “cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo, acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético forte e consciente da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação (...)”.
A idéia de cidadania ativa é ser alguém que cobra, propõe e pressiona o tempo todo. O cidadão precisa ter consciência de seu poder. A cidadania está diretamente ligada aos direitos humanos, uma longa e penosa conquista da humanidade que teve seu reconhecimento formal com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Organização da Nações Unidas (ONU) . na época – marcada pela vitoria das nações democráticas contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)-, ela abria a perspectiva de um novo mundo, em que haveria paz, liberdade e prosperidade: uma esperança que acabou não se realizando.
Direitos humanos e cidadania _ Os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, compare com a realidade da cidadania, tal como ela vem sendo praticada no mundo em geral e no Brasil, em particular:

· Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
· Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
· Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa.
· Todo ser humano tem direito à alimentação, vestuário, habitação e cuidados médicos.
· Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
· Toda ser humano tem direito ao trabalho e à livre escolha de emprego.
· Toda pessoa tem direito à segurança social.
· Toda pessoa tem direito a tomar parte no governo de seu país.
· Toda pessoa tem direito a uma ordem social em que seus direitos e liberdade possam ser plenamente realizados.
· Todo individuo tem o direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei.
· Todo ser humano tem direito à instrução.

Atualmente a essência é única: significado o direito de viver com dignidade e em liberdade.
Os direitos das Crianças – uma declaração, com dez itens – aprovados pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1950.

1. Direito à igualdade, sem distinção de raça religião ou nacionalidade.
2. Direito a proteção especial para seu desenvolvimento físico, mental e social.
3. Direito a um nome e a uma nacionalidade
4. Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.
5. Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.
6. Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.
7. Direito à educação gratuita e ao lazer
8. Direito a ser socorrida em primeiro lugar, em caso de catástrofe.
9. Direito de ser protegida contra o abandono e a exploração no trabalho.
10. Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

As condições de vida das crianças podem indicar o nível de desenvolvimento de um país e permitem fazer projeções de como será sua situação no futuro: por trás de cada criança abandonada existe pelo menos um adulto abandonado; essa criança que hoje vive nas ruas provavelmente ira gerar, quando adulta, outras crianças abandonadas. Ao aceitar passivamente enormes contingentes de crianças de rua, a sociedade esta negando a essas pessoas as condições básicas de vida e mostrando ao lado mais cruel da ausência de cidadania.
Outro indicador do grau de cidadania de uma nação é o tratamento que se dá aos idosos. Crianças e idosos são os dois extremos frágeis de uma sociedade. Toda sociedade que não respeita suas crianças e seus idosos é incapaz de atender aos princípios mínimos dos direitos humanos e da cidadania.

Nascimento e transformações do conceito de cidadania_ No começo da Idade Moderna, o conceito de cidadania estava associado ao burguês, não ao conjunto da sociedade.
Havia uma separação entre o homem urbano e o homem rural, referia-se somente aos habitantes da cidade.
A Grécia Antiga era formada por cidades-estados autônomas, conhecidas como pólis. Em algumas delas vigorava a democracia direta, regime político no qual os cidadãos, chamados de politai, participavam das decisões do governo da cidade por meio de assembléias. Entretanto, nem os escravos nem os estrangeiros eram considerados cidadãos.
Com a queda do Império Romano, em 476, desapareceu o conceito da cidadania na Europa. Na Idade Média, não havia cidadãos. Os senhores feudais tinham servos da gleba, as cidades tinham burgueses, a Igreja comungantes e o rei vassalos e súditos.
Com a Revolução Americana (1776) e a Francesa (1789), o conceito de cidadania voltou a ocupar um lugar central na vida política. Então, ampliou-se e aprofundou-se cada vez mais, ate agregar todos os indivíduos das sociedades democráticas modernas.
Como termo político, cidadania significa exercício de direitos, compromisso ativo, participação política, responsabilidade, participar da vida na comunidade, na sociedade, no país.
Os graves problemas políticos, raciais, étnicos, de desemprego e de exclusão social somente poderão ser superados com o pleno exercício da cidadania.

Aspectos jurídicos, sociológicos e éticos da cidadania_ “cidadania – afirma o jornalista e escritor Gilberto Dimenstein – é o direito de se ter uma idéia e poder expressá-la. É poder votar em quem quiser sem constrangimento. É processar um medico que cometa um erro. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem ser perseguido.
Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento esta o respeito à coisa publica”.
Uma das principais fincões do estado , hoje, é produzir bens e serviços sociais – como educação, saúde, previdência social – para serem distribuídos gratuitamente aos membros da sociedade. São bens e serviços que não podem ser individualizados.
É previsto em lei que o bem público, sendo bem de todos, não pode pertencer a algum grupo social especifico ou a uma entidade particular. Ninguém pode se utilizar de bens públicos para fins particulares e quem o faz esta cometendo um crime contra a sociedade, devendo ser condenado pela Justiça.
A sociedade contemporânea, constituída em torno da informação, deve proporcionar em maior quantidade o que mais se deve valorizar numa democracia: igualdade e liberdade.
A política da igualdade incorpora a igualdade formal, segundo a qual todos são iguais perante a lei, uma conquista do período de constituição dos Estados modernos. Seu ponto de partida é o reconhecimento dos direitos humanos e o exercício dos direitos e deveres da cidadania. A política da igualdade se expressa na busca da equidade. Esta deve:

· Promover a igualdade entre desiguais, por meio da educação, da saúde pública, da moradia, do emprego, do meio ambiente saudável e de outros benefícios sociais;
· Combater todas as formas de preconceito e discriminação, seja por motivo de raça, sexo, religião, cultura, condição econômica, aparência ou condição física.

A distinção entre publico e privado é um dos valores mais importantes da democracia.
Além de ilegal é antiético e ilegítimo legislar em causa própria, praticar abuso de poder ou utilizar recursos públicos para favorecer interesses particulares.
No Brasil as mudanças na economia e na sociedade têm beneficiado mais os grupos sociais que já eram privilegiados do que as camadas mais pobres da população.

Entre o Estado e a sociedade civil_ A própria cidadania se vê hoje ameaçada pelo crescimento das desigualdades sociais, especialmente nos países pobres e emergentes.
Em toda sociedade democrática existem duas esferas de vida que articulam as relações políticas e sociais. Uma delas é a esfera publica, na qual se localizam o Estado com seus três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e outras instituições políticas. A outra é a esfera privada, lugar das atividades econômicas, dos interesses particulares, das empresas, do mercado, da vida familiar e das relações sociais.
Entre essas duas esferas estão a opinião publica e a sociedade civil. A sociedade civil é formada pelas organizações privadas sem fins lucrativos que se estabelecem fora do mercado de trabalho e do governo, mas que têm importante presença na vida política.
Exemplos de organizações que participam da sociedade civil em nosso pais são a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), as diferentes Igrejas organizadas, os sindicatos, as Organizações Não-Governamentais (ONGs), a União Nacional dos Estudantes (UNE) etc.
As ONGs compõem o núcleo do que se poderia chamar de terceira esfera, intermediaria entre o Estado (esfera pública) e a sociedade (esfera privada). É um setor social autônomo. Formado pelas organizações comunitárias autônomas, formado pelas organizações comunitárias autônomas voltadas para a solução dos grandes problemas sociais. Atua em áreas que normalmente deveriam ser atendidas pelas autoridades constituídas
As Organizações Não-Governamentais (nacionais e internacionais), dedicando-se a questões como ecologia, paz e alfabetização, entre outras. Elas desenvolvem ações de solidariedade que se contrapõem ao individualismo crescente e à incapacidade do Estado de prestar serviços essenciais à população.

Minorias_ O processo de globalização em promovendo em todo o mundo a massificação, a homogeneização e a padronização cultural ao retratar um mundo.
Diversos grupos sociais minoritários – as minorias étnicas, religiosas, sexuais, políticas e regionais – buscam seu espaço social e geográfico, sua identidade social e cultural.
Reivindicam direitos e contestam normas sociais por se sentirem excluídos, os grupos minoritários, políticos, étnicos, raciais e sexuais, que vem dando um novo sentido à noção de cidadania.
A exclusão social tende a dar origem a diferentes grupos de excluídos entre as minorias.
Um exemplo disso é a luta dos homossexuais pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo; da mesma forma, os sem-terra ocupam latifúndios improdutivos reivindicando reforma agrária; os sem-teto invadem loteamentos ou áreas urbanas para obter uma habitação digna; grupos feministas exigem igualdade de condições de trabalho e de salário em relação aos homens; povos indígenas reivindicam a demarcação de suas terras.

Pode a maioria ser minoria?_ A situação de exclusão de muitas minorias geralmente se origina da avaliação negativa que grupos dominantes da maioria fazem delas, da sua discriminação e segregação.
Pode acontecer de uma minoria ser formada pela maior parte da população. São as minorias majoritárias que ocupam na estrutura de poder uma posição de subordinação diante de uma minoria autoritária e poderosa.
Os escravos de qualquer época e lugar são exemplos de minorias majoritárias diante de governos escravistas que formavam o grupo minoritário nesses sistemas. Outro exemplo é o apartheid da África do Sul em que maioria negra foi subjugada pela minoria branca.

Democracia representativa e democracia participativa_ Em certos casos, a capacidade de mobilização política de algumas minorias tem levado os especialistas a ponderar sobre as noções de democracia representativa – que se baseia na maioria – em contraste com a nova noção de democracia participativa – na qual as minorias excluídas têm uma participação social e política mais efetiva na sociedade.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sociologia - Religião se discute, sim.

Religião se discute, sim. A sala de aula e o blog são os melhores lugares para isso

Conteúdo
Instituições sociais

Objetivos
Analisar de maneira crítica o discurso dos grupos religiosos dentro da sociedade

Texto: Grana, glamour e gospel

Grana, glamour e gospel
Rica e lipoaspirada, a bispa Sonia atrai fiéis com sermão que mistura Deus, casamento e cosméticos Thaís Oyama


Culto da Renascer: versículos e dicas de auto-ajuda ensinam fiéis a ter sucesso no amor e no trabalho
Na emergente constelação evangélica do país, ela é um fenômeno. Única mulher de destaque dessas igrejas em expansão, tem um título que ainda soa estranho aos ouvidos da maioria (bispa) e um apelido inevitável (a perua de Deus). Sonia Hernandes, líder da igreja Renascer em Cristo, chama sacristia de camarim, usa roupas de grife e não sai sem maquiagem nem para ir à padaria. Aos 42 anos, conseguiu realizar por linhas tortas a fantasia infantil de ser atriz e usufrui o kit completo de celebridade televisiva: dá autógrafos na rua, tem personal stylist, mora em casa cercada de seguranças e orgulha-se de ter o rosto estampado em revistas de famosos. Com duas plásticas e uma lipoaspiração no currículo, é a cara, bonita e bem-cuidada, da igreja que fundou com o marido, Estevam Hernandes, recentemente promovido de bispo a apóstolo. Zeca Rodrigues
"Deus não decepciona. Abram a Caras, vejam o casamento que nós demos para nossa filha."Sonia Hernandes, estimulando os fiéis a fazer doações
Sonia comanda o quadro De Bem com a Vida, carro-chefe da Rede Gospel, o canal a cabo da Renascer. Com uma Bíblia verde fosforescente nas mãos, entrevista personalidades evangélicas, exibe videoclipes de bandas gospel, faz merchandising de produtos e intercede a Deus por seus fiéis. São noventa minutos de produção sofrível e figurino impecável. Para ungir as dezenas de cartas com pedidos de emprego, curas e marido, exibe os dedos cobertos de anéis de brilhantes. Suas roupas ostentam grifes de estilistas famosos, como Reinaldo Lourenço, e tanto a maquiagem quanto o cabelo são obra de salão cinco-estrelas que ela freqüenta religiosamente todos os dias.
Nutricionista por formação, Sonia não chegou a exercer a profissão. Há alguns anos, conseguiu estágio no Hospital das Clínicas de São Paulo e ensaiou tirar o diploma da gaveta. O estômago delicado, no entanto, não deu conta da missão. Enjoada com os odores do ambiente, abandonou o front no terceiro dia de trabalho. Agora, usa o conhecimento apenas em benefício próprio: vive de dieta, já que tem pavor de retomar a silhueta rechonchuda da infância. Para cumprir a agenda abarrotada, passa o dia beliscando uvas passas e damascos. Tem sempre uma cesta cheia em seu "camarim", como chama o espaço reservado para ela nos fundos da sede principal da Renascer, no bairro paulistano do Cambuci. É lá, à frente dos cultos de domingo, que Sonia exibe sua melhor performance.
Diante de uma platéia de até 5.000 pessoas, a bispa canta, dança, dá gargalhadas, desfaz-se em lágrimas e leva o público ao paroxismo com seu sermão heterodoxo. Entre parábolas e versículos da Bíblia, fala, por exemplo, da importância da lipoaspiração para a saúde de um casamento e dá um toquezinho apimentado aos conselhos sobre a multiplicação das alegrias do sexo marital. É tudo coisa de um pragmatismo bem básico – e reside aí o principal trunfo da Renascer. Em lugar de se limitar a apregoar o milagre da felicidade conjugal e do sucesso material como conseqüência da generosidade nas oferendas materiais, conforme rezam os preceitos da teologia da prosperidade de suas congêneres, a Renascer "reforça" a garantia do retorno celestial ao dar dicas para obter um casamento feliz e uma carreira bem-sucedida.
Essa parte mais séria, de carreira, fica com o marido da bispa, o cabeça do casal, como ela docemente proclama, e do empreendimento religioso conjunto. O sermão que ele ministra às segundas-feiras é dirigido especialmente a empresários e gerentes ansiosos por alavancar seus contracheques. A eles, o apóstolo fala da importância do pensamento positivo na conquista da riqueza e da necessidade de manter em ordem a mesa de trabalho. Primeiro, "porque Deus não opera no caos" e, segundo, porque "o funcionário que demora para encontrar o papel que o chefe pediu não é candidato a promoção". É a auto-ajuda a serviço da fé. Não por coincidência, um dos autores de cabeceira do apóstolo é Norman Vincent Peale, um dos papas dos best-sellers de soluções instantâneas. A si mesmo, o apóstolo Hernandes ajudou-se muito bem. Filho de um jardineiro, trabalhou na juventude como açougueiro e vendedor. Hoje, dedicado integralmente à igreja que fundou, ostenta estilo de vida que é o avesso do ascetismo protestante. Anda de BMW com motorista, calça sapatos Gucci e só veste ternos sob medida da grife italiana Ermenegildo Zegna. A bispa compartilha o gosto do marido pelo conforto. A casa de três andares em que mora, na Chácara Klabin, Zona Sul de São Paulo, tem sete empregados, piscina, academia de ginástica e garagem para três carros – além do BMW, um jipe Mitsubishi e um carro Palio Weekend. Agora, só dois de seus três filhos vivem lá: Felippe, de 22 anos, e Gabriel, de 8. Fernanda, de 19, casou-se em janeiro com o modelo Douglas Rasmussen. Além desse verdadeiro presente dos céus, ganhou festa de princesa, com bufê para 1.000 convidados e lua-de-mel no Taiti. Fernanda (chamada a patricinha de Deus, e o que mais poderia ser?) já segue os passos da mãe, apresentando um programa na emissora da família. No mês que vem, promete estrear um segundo, baseado no "Bom Encontro", uma das boas idéias da Renascer: culto especial para solteiros e solteiras em busca de um par (e, se dali se partir para o encontro propriamente dito, a igreja também vende a lembrancinha que o rapaz educado leva para a moça).
Ser rico é bom e Deus quer que seus filhos sejam felizes, diz a bispa, ao resumir os princípios doutrinários que abençoam seu estilo de vida. "Deus deseja o nosso bem. Ele deseja o nosso sucesso", proclama. E quem é ela para contrariá-Lo? Entre os prazeres dos quais Sonia desfruta sem culpa estão as freqüentes viagens ao exterior. Sempre que visita Israel, aproveita para "dar uma esticada pela Europa". Esticada vai, esticada vem, já conhece mais de dez países do continente, sem contar Japão, Egito, Austrália e Coréia do Sul. Quando Sonia não está no exterior, ela e o marido alternam os fins de semana entre a casa de praia na Riviera de São Lourenço, no litoral norte de São Paulo, e o sítio em Mairiporã.
A vida já foi mais dura para os Hernandes. Quando se casaram, ela aos 19 anos, ele aos 23, foram morar em um pequeno apartamento no bairro da Vila Olímpia. Hernandes estudava administração de empresas e trabalhava em uma indústria de ferramentas. Sonia fazia faculdade e ajudava nas despesas da casa administrando a butique de uma tia, que funcionava no interior de um salão de beleza de clientela popular no bairro do Campo Belo. "Comprava peças dos camelôs cariocas e revendia lá dez vezes mais caro", relembra, com a leveza de quem deixou essa fase para trás há muito tempo.
Em meados dos anos 80, Hernandes ficou desempregado. Aos problemas financeiros do casal, somou-se uma séria crise conjugal. Sonia conta que mergulhou em uma depressão tão profunda que chegou a planejar o suicídio e a morte dos três filhos. Diz que foi salva por Deus. "Nos reaproximamos da igreja e Cristo não só me tirou das trevas como prosperou o Estevam de tal maneira que ele chegou a gerente de marketing de uma multinacional", enumera. Reconstituído, o casal investiu na recuperação de jovens drogados com a ajuda do rock gospel, cuja introdução no Brasil o apóstolo reclama. A Renascer surgiu a partir daí. Começou em reuniões numa pizzaria, expandiu-se para a sede de um templo tomado emprestado e estabeleceu-se de vez com a aquisição de um antigo cinema no bairro do Cambuci, doação de um empresário.
Hoje, são 600 templos fincados em território nacional. Incipiente até há poucos anos, a Renascer já disputa palmo a palmo com a Internacional da Graça de Deus o segundo lugar no ranking das novas igrejas evangélicas surgidas a partir da explosão da Universal do Reino de Deus – que mantém o posto de primeiríssima da categoria. A rapidez da emergência deve-se, sobretudo, ao método que o apóstolo Hernandes diz ter extraído da Bíblia, batizando-o de GCD, Grupos de Comunhão e Desenvolvimento. Por essa espécie de sistema de franquia, cada fiel é estimulado a constituir o próprio grupo de orações, reunindo vizinhos e amigos em casa. Enquanto se empenha para que o núcleo cresça, presta contas a um "supervisor espiritual" da igreja, que tem por função evitar desvios, tanto de rebanho quanto de caixa. Quando o grupo alcança proporções de uma miniparóquia, entra em cena um pastor enviado pela sede, que assume o templo-embrião.
Em treze anos de existência, calcula o apóstolo Hernandes, a Renascer já conquistou 3 milhões de almas. O sociólogo Ricardo Mariano duvida. Para o especialista, autor do livro Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil, a Renascer, mesmo com seu fenomenal crescimento, ainda não congrega 100.000 seguidores. Ainda. Como na maior parte das igrejas a proporção de fiéis é de cerca de seis mulheres para cada quatro homens, Hernandes sabe que tem um trunfo poderoso nas mãos: sua mulher, por afinidade de gênero e pela empatia natural, sai na frente na disputa do mercado religioso pelo rebanho feminino. Lisonjeada, Sonia aceita a missão: "Tenho um carinho especial pelas mulheres. Sinto-me em dívida com elas porque a mim Deus já deu muito". Pura modéstia da bispa. Quem já a viu em ação aposta que seu crédito celestial ainda está bem longe de se esgotar.

Introdução
Deus não decepciona, ser rico é bom - mas será que a vida eterna, no Paraíso, é como uma longa temporada numa ilha de famosos, cheia de peruas cobertas de jóias? A reportagem "Grana, Glamour e Gospel" aborda a postura e algumas propostas da Igreja Renascer em Cristo e de sua mais conhecida porta-voz, a bispa Sonia Hernandez.

Examine com atenção esse projeto bem-sucedido de marketing religioso, que se adapta como uma luva à visão de mundo dos chamados emergentes sociais.

Atividades
- Na sua opinião, qual é a origem social da maioria dos adeptos da Renascer em Cristo? Eles são "empresários ansiosos por alavancar seus contracheques" ou pessoas humildes que dirigem à bispa "dezenas de cartas com pedidos de emprego"? - A igreja Renascer em Cristo é associada ao "novo pentecostalismo".
O que significa pentecostalismo? Ele é exclusivo das igrejas evangélicas ou pode ser usado para setores da Igreja Católica como a Renovação Carismática?
É possível aproximar, em termos de sucesso junto ao público e a mídia, a bispa Sônia Hernandes e o padre Marcelo Rossi, da Renovação Carismática?

- Que imagem a bispa transmite aos fiéis? A do sucesso baseado na proteção espiritual?

A título de ilustração: a igreja Renascer em Cristo (e todas as igrejas evangélicas) tem raízes na Reforma Protestante, lançada por Martinho Lutero no século 16. Segundo a ética protestante, a prosperidade era um indício do favor divino. Mas só quem levasse uma vida austera poderia ser considerado um verdadeiro cristão. Isso mudou?
Como vivem os pastores e bispos evangélicos do Brasil e de outros países?

Uma crença religiosa não se limita a prometer a salvação. Ela também expressa a visão de como devem ser organizadas a sociedade e as relações entre as pessoas.
Qual é a filosofia implícita nas concepções da Renascer em Cristo?
A igreja tem algum projeto de combate ao desemprego, além das orações?
A exibição de bens materiais, e em especial de jóias, é típica de que segmento da sociedade brasileira? (Lembre-se que, não por acaso, a bispa Sônia Hernandez tem o apelido de "perua de Deus").


A música Guerra Santa, de Gilberto Gil, critica os que prometem a salvação "desde que você pague primeiro" e os "salvadores profissionais" que investem contra seus "concorrentes".
Se possível, ouça-a e escreva se a crítica pode ser estendida a todas as igrejas estabelecidas. A comercialização da fé, que Gil chama de peixes e/ou limões, e a venda de ilusões mediante o pagamento de dízimos são práticas legítimas?

Guerra Santa - Gilberto Gil
Ele diz que tem, que tem como abrir o portão do céu / Ele promete a salvação / Ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel / Mas não rasga dinheiro, não / Ele diz que faz, que faz tudo isso em nome de Deus / Como um Papa da Inquisição / Nem se lembra do horror da Noite de São Bartolomeu / Não, não lembra de nada não / Não lembra de nada, é louco / Mas não rasga dinheiro / Promete a mansão no paraíso / Contanto que você pague primeiro / Que você primeiro pague o dinheiro / Dê sua doação, e entre no céu / Levado pelo bom ladrão / Ele pensa que faz do amor sua profissão de fé / Só que faz da fé profissão / Aliás, em matéria de vender paz, amor e axé / Ele não está sozinho não / Eu até compreendo os salvadores profissionais / Sua feira de ilusões / Só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz / Deixa o outro vender limões / Um vende limões, o outro / Vende o peixe que quer / O nome de Deus pode ser Oxalá / Jeová, Tupã, Jesus, Maomé / Maomé, Jesus, Tupã, Jeová / Oxalá e tantos mais / Sons diferentes, sim, para sonhos iguais.
Consultoria Teresa Rego - Consultora pedagógica .

Sadomasoquismo e drogas digitais

Sadomasoquismo e drogas digitais

Ética e cidadania

Conteúdo relacionado: Pornô com carteira assinada - 09/05/2007
Era só o que faltava - 09/05/2007

Objetivos
Debater sobre os conteúdos da internet
Analisar o uso que os alunos fazem deste meio de comunicação

Introdução
O primeiro texto destaca um portal que busca conciliar sadomasoquismo e normas de conduta "politicamente corretas", além de denunciar a divulgação anônima de imagens pedofílicas na comunidade de relacionamentos Orkut.
O segundo informa que um site comercializa arquivos sonoros pretensamente capazes de provocar sensações idênticas às de substâncias ilícitas como cocaína, maconha e heroína.

Atividades

Escreva aobre a ética desse comércio eletrônico em que sexo e drogas são mercadorias de um catálogo virtualmente (e literalmente) sem controle.

Comente uma declaração recente do economista José Eli da Veiga, segundo a qual vivemos, simultaneamente, a “era do calmante e a era do estimulante”. A afirmação do pesquisador ajuda a compreender melhor por que portais da internet dedicam-se à venda de sexo e drogas virtuais.

Antes de ler as reportagens indicadas, responda o que você sabe a respeito das origens da rede mundial de computadores e das finalidades concebidas inicialmente para ela. Fale também sobre o caráter democrático da web e sobre certos conteúdos veiculados nesse ambiente cada dia mais popular.

Que mensagens você considera inconvenientes, inconseqüentes ou inadequadas? Sob que perspectivas?

Será que deve haver mecanismos que impeçam a exploração mercantil de determinados conteúdos? Quais? Por quê?

Pesquise sobre eventuais dúvidas decorrentes de interpretação vocabular. Seviciadas, asséptico, edulcorado e custódia são expressões conhecidas por você? E o conceito de auto-indução?

As hipóteses e opiniões lançadas antes de ler os textos se sustentam?

Em 1991, o físico inglês Tim Berners-Lee - então empregado de um laboratório em Genebra, na Suíça - desenvolveu um padrão de hipertexto utilizável em redes de computadores. O pesquisador concretizou uma idéia que até aquele momento não passava de projeto embrionário em meios militares e universidades norte-americanas e européias. Em última análise, ele criou um amplo sistema de distribuição de documentos e correspondência eletrônica, eliminando distâncias e diminuindo dificuldades de acesso imediato a informações. O cientista chamou o programa de world wide web, expressão hoje reduzida à famosa sigla www. Em pouco mais de 15 anos, essa rede global se expandiu de forma extraordinária, absorvendo todo tipo de conteúdo. Ela atualmente abriga bilhões de textos, imagens e sons, disponibilizados quase que instantaneamente para qualquer usuário. Aproveite para examinar a fragilidade dos filtros tecnológicos e do monitoramento mencionados no quadro "Crimes Anônimos no Orkut".

Avalie os sites citados e especule sobre as possíveis razões que levam muita gente a consumir pornografia e ruídos psicodélicos - e pagar por isso.

Pesquise os sites e analise sua validade e viabilidade. Lembre que uma parcela considerável daquilo que está na rede não é confiável nem plenamente utilizável. Muitos dados e informações alocados no ciberespaço são propositadamente equivocados, têm origem duvidosa e pregam idéias preconceituosas em relação a mulheres, grupos religiosos, minorias étnicas e outros. Vende-se de tudo. Existem até sites que oferecem fórmulas para a fabricação de bombas e estratégias para cometer suicídio de modo indolor! Além disso, portais de caráter pornô, sob a alegação de que atendem a desejos e fantasias de uma clientela voraz, valem-se de exposições apelativas de corpos nus e relações sexuais - incluindo suas variantes violentas e bizzarras. Não raro, atentam contra a dignidade humana e os estratos sociais mais vulneráveis, como os que exploram a pedofilia. Fale do esforço do empresário inglês Peter Acworth para estabelecer um clima de respeitabilidade em torno dos vídeos lascivos que produz.

Quais valores morais são evidenciados na decisão de restringir a trinta segundos as "cenas de sufocamento com sacos plásticos". Os sites que comercializam drogas digitais, por sua vez, fazem alusão a um problema que se transformou numa verdadeira chaga social: o uso de alucinógenos. Observe que os nomes de arquivos sonoros disponibilizados pelo I-Doser remetem diretamente a substâncias ilegais: cocaína, maconha, heroína, LSD...

Escreva uma dissertação que condene ou absolva os usos positivos ou negativos da web. Essas argumentações podem tratar, por exemplo, do potencial da rede para ampliar horizontes culturais, realizar trocas de informações e romper isolamentos geográficos. Afinal, nas palavras do filósofo francês Pierre Lévy, ela é um ambiente que permite a comunicação de "muitos com muitos", criando uma memória social e uma inteligência coletiva.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Desigualdade à flor da pele

Atividades de Sociologia- EJA - Ensino Médio
Desigualdade à flor da pele

ConteúdoEtnias e racismo

Objetivos Conhecer e debater os argumentos favoráveis e contrários à manutenção do sistema de cotas

Reportagem da Veja: Cotas: o justo e o injusto

Introdução
Inaugurado no Brasil em 2001, quando o Rio de Janeiro instituiu o primeiro modelo em suas duas universidades estaduais, o sistema de cotas para minorias (negros e egressos de escolas públicas) no Ensino Superior ainda gera polêmica. Em sua coluna desta semana, a escritora Lya Luft lança sua opinião contrária às cotas, por enxergar nelas uma série de conseqüências que, paradoxalmente, reforçariam o que tentam — em tese — combater. Segundo ela, as cotas terminam por afirmar que os negros são menos capazes e que a escola pública não tem salvação, uma opinião muito freqüente nessa polêmica. Curiosamente, depois de seis anos, os argumentos contrários às cotas são bem mais conhecidos do que os favoráveis. E os defensores, o que dizem? Será que nenhum dos males apontados pelos opositores das cotas foi previsto por seus idealizadores?
Veja o que aconteceu desde que as cotas entraram na cena educacional brasileira e para exercer uma problematização num outro patamar. Afinal, muito em breve vocês estarão enfrentando o funil do vestibular, e um debate mais aprofundado pode ajudá-los a estruturar novos pontos de vista.

Atividades

O arsenal jurídico e ético da igualdade

Cotas privilegiam alguns em detrimento de outros; cotas admitem que alguns cidadãos brasileiros são diferentes de outros; cotas, mais concretamente, dão a uma pessoa que se declara negra o direito a uma vaga na universidade mesmo que seu desempenho no vestibular tenha sido inferior ao de outro candidato. Como não se cansam de lembrar os adversários das cotas, tudo isso parece violar a Constituição brasileira e o princípio da igualdade ali exposto. Mas todo esse arsenal jurídico e ético é (e era) mobilizado para defender que esta igualdade se dê antes do vestibular? Antes da proposição das cotas, a desigualdade de formação das crianças e dos jovens brasileiros era alvo de tantos protestos? Os negros não são menos capazes. Então, por que permanecem como minoria nas universidades públicas brasileiras? Se todos os críticos das cotas e de suas deformações despenderem a mesma energia na luta pela igualdade das condições na base educacional e se forem tão críticos em relação ao que o ensino público é, a polêmica produzida pelas cotas já terá cumprido um papel importante.
Dê sua opinião: Existe um clamor público contra as condições extremamente desiguais da educação no Brasil?

Escola pública
O sistema público de educação é desigual: no Ensino Superior, ele é mais bem estruturado. Nossas melhores universidades são públicas e dedicam-se ao ensino e à pesquisa, algo que poucas instituições privadas conseguem fazer. Por sua vez, nos níveis fundamental e médio, a realidade é outra. Em especial nas grandes metrópoles, os indicadores obtidos nos exames nacionais mostram um quadro desalentador nas escolas públicas.
Qual é a conseqüência social dessa condição? Ninguém de "classe média baixa" para cima coloca seus filhos em escola pública e todos os outros que não podem migrar para o sistema privado permanecem como "derrotados" na rede pública. Não é verdade que está estabelecida a idéia de que ascender socialmente, vencer na vida, é conseguir migrar dos serviços públicos — educação, saúde e transporte coletivo — para os serviços privados — escola particular, convênio médico e automóvel? Se socialmente está legitimada a opção pelo ensino privado como o melhor, quem vai pressionar o estado a investir e melhorar o ensino público? É evidente que ele precisa mevoluir, mas há um clamor para isso? Quem, em sã consciência, pode ter uma expectativa real de mais qualidade no ensino público no Brasil? Enquanto essa possibilidade absolutamente incerta não dá nenhum indício sério de realização, como ficam as populações que estão condenadas ao ensino público? Sem cotas e sem universidade. Não é possível admitir que a idéia das cotas é uma medida de choque contra esse quadro imóvel? Pode ser uma medida discutível, mas causou algum abalo nessa inércia trágica.
E agora, como recuperar a escola pública? considerando esse contexto, promovida pela idéia das cotas.

O que fazem as universidades
Algumas universidades adotaram um regime de cotas para o ingresso nos seus quadros. A maioria delas, porém, não agiu dessa maneira. Apesar disso, a proposição de cotas causou mudanças, mesmo nas instituições em que foi negada. Por exemplo: descobriu-se, em algumas delas, que muitos "candidatos a candidatos" não se inscreviam no vestibular porque nem sequer tinham recursos para pagar a inscrição. Essa constatação resultou em formas de garantir a inscrição, isentando os candidatos carentes dessas taxas. A recusa das cotas obrigou os que eram contra elas a apresentar propostas melhores para solucionar a questão da desigualdade de oportunidades. E levou as universidades a se importarem com o que acontece no universo dos candidatos que as procuram. Mas ainda há muito a fazer. Um exemplo significativo da maior universidade brasileira, a Universidade de São Paulo: praticamente não há professores formados em seus cursos que exercem a profissão no sistema público do mesmo estado, só na rede privada.

Se a universidade pública pretende (e deve) interferir no quadro do ensino básico, garantindo algum nível de igualdade de oportunidades, não deveria trabalhar no sentido de estimular a presença de seus formandos no sistema público?

O que as universidades devem fazer para democratizar as oportunidades de trabalho?
Ou só formar resolve o problema?

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O sistema de COTAS é justo ou é exclusão social?

Projeto de Sociologia - EJA - Ensino Médio
Afinal, o que é a classe média?

ConteúdoDesigualdade social

Objetivos Compreender e debater os critérios que definem as divisões dos segmentos sociais

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Reportagem da Veja: O movimento dos Sem-Bolsa


Reinaldo AzevedoO Movimento dos Sem-Bolsa

"Um grito de protesto da classe média é ilegítimo? É ela hoje o verdadeiro 'negro' do Brasil. Ninguém a protege: estado, ONG, igrejas, nada... Corajosa, sem líder, sozinha, sem tucano, vaiou no Rio, vaiou em São Paulo, quer vaiar no Brasil inteiro"
Quem tem boca vaia Lula. A frase é lema e divisa de um bom número de inconformados. Os apupos explodiram primeiro no Maracanã, na abertura dos Jogos Pan-Americanos. O presidente estava lá. Foram reiterados na cerimônia de encerramento, da qual ele se manteve a uma prudente distância. Em São Paulo, milhares de pessoas enfrentaram o frio numa passeata, unidas pela palavra "Cansei". As 75 000 vozes do 13 de Julho, no estádio carioca, eram um protesto e uma premonição: quatro dias depois, 199 corpos assariam na pira macabra da desídia. Não sei quem se surpreendeu mais com o coro dos descontentes: o próprio Lula, acostumado aos paparicos de seus bolsistas, ou as oposições, em especial o PSDB, cujos líderes trocam bicadas para ter o discutível privilégio de ser o preferido do Estimado Líder.
Surpresa? Vaias e passeata nada têm de inexplicável. Lula obteve o segundo mandato com 58 milhões de votos – e isso significa que 66 milhões de eleitores não o escolheram. Lanço aqui uma sombra de ilegitimidade sobre o seu mandato? Não – até porque acho o voto obrigatório indecente. Relevo é o fato de que o petista está longe de ser uma unanimidade. A exemplo do que se viu no primeiro mandato, as dificuldades políticas que ele enfrenta, no entanto, são obra de seus próprios aliados e de sua administração, jamais dos adversários. E por quê? Porque o Brasil esqueceu – e esta é uma tarefa das oposições – como se faz política sem crise econômica.
Desde a redemocratização, é a tal crise, ou a ameaça dela, que pauta o debate. Ela tem sido o elemento redutor de todas as divergências e demandas. Ora, catorze anos de aposta na estabilidade, já caminhando para quinze, expulsaram esse fantasma. Em algum lugar, é certo, ele se esconde. Mas isso é verdade para qualquer país – a prosperidade perpétua é uma utopia. Ocorre que não adianta mais anunciar nem o apocalipse nem a redenção. Quem quiser tomar a cadeira do PT vai ter de redescobrir a política, que pauta os debates e divide opiniões nas outras democracias.
Antes que prossiga na trilha do primeiro parágrafo, permitam-me uma digressão. A Al Qaeda eletrônica do petismo e os colunistas que jamais dizem "Epa!" apressam-se em abraçar duas explicações distintas, mas combinadas, para os protestos:
1) partem da classe média branca e incluída;
2) são manifestações manipuladas por golpistas. Os petistas estão indecisos, como se vê, entre o arranca-rabo de classes e a teoria conspiratória. Os terroristas cibernéticos – células dormentes da esquerdopatia despertadas para defender o chefe – atuam para tirar dos ombros de Lula a responsabilidade por seu próprio governo.
Ainda que estivessem certos, pergunto: um grito de protesto da classe média é ilegítimo?
É ela hoje o verdadeiro "negro" do Brasil: paga impostos abusivos; não utiliza um miserável serviço do estado, sendo obrigada a arcar com os custos de saúde, educação e segurança; tem perdido progressivamente a capacidade de consumo e de poupança; é o esteio das políticas ditas sociais do governo, e, por que não lembrar?, ninguém a protege: estado, ONG, igrejas, nada... Está entregue a si mesma: nas escolas, nas ruas, nos campos, nos aeroportos. Pior: está proibida até de velar os seus mortos. Quando um classe-média morre de bala perdida ou assado num avião, o protesto é logo abafado pela tese delinqüente de algum cientista social ou jornalista que acusa a gritaria dos incluídos. Lula foi vaiado no Maracanã porque era o nhonhô na senzala dos escravos do seu regime.
Começo aqui a juntar o fio da minha digressão com aquele que está lá no início do texto. É possível, sim, que houvesse no Maracanã e nas ruas de São Paulo uma maioria de pessoas da classe média. São os espoliados do regime lulista, mas também homens livres porque não dependentes da caridade estatal, da papa servida na senzala ou na casa-grande. Eu lhes apresento o MSB: o Movimento dos Sem-Bolsa. Não são nem os peixes grandes, que se alimentam da Bolsa-BNDES, nem os peixes pequenos, que vivem do Bolsa Família. A classe média, coitadinha, se financia é nos bancos mesmo, sem taxa camarada.
Corajosa, sem líder, sozinha, sem tucano, vaiou no Rio, vaiou em São Paulo, quer vaiar no Brasil inteiro. Os oposicionistas estão se fazendo de surdos. Se é para levar alguns espertalhões para o Conselho de Ética, deixam a tarefa para o PSOL. O governo debate a ampliação do aborto legal e chega a adotar um método abortivo, contra a Constituição? Eles ignoram. Lula veta uma emenda da Super-Receita e pode provocar um desastre nas microempresas de serviços? Quatro milhões de pessoas ficam ao relento, sem apoio. Um grupinho de aloprados resolve recriar a censura prévia no país? Não se ouve uma voz graduada em sinal de protesto. A crise nos aeroportos mata? A reação é não mais do que burocrática. Debate-se a possibilidade de as Forças Armadas agirem no combate ao crime, em vez de ficar internadas, engraxando baionetas enferrujadas? Os líderes da oposição, especialmente tucanos, nada têm a dizer. O país cobra a maioridade penal aos 16 anos? Eles esperam passar o clamor.
O austríaco Sigmund Freud (1856-1939), pai da psicanálise, perguntou, certa feita, sem chegar a uma resposta definitiva: "Mas, afinal, o que querem as mulheres?". Serei o barbudo de charuto do PSDB e do DEM: "Mas, afinal, o que querem as oposições?". Admito que elas não formem um grupo homogêneo, o que as impede, sei bem, de desejar uma única coisa. Se as mulheres vistas por Freud demonstravam uma inquietude sem alvo ou ainda sem objeto definido (ao menos para ele), as oposições padecem é de excessiva quietude e condescendência com o lulismo. E gostam de se comportar como a mulher do padre: deixam que o petista defina a sua identidade e só exercem o papel que Lula lhes outorga.
Assim, vai-se fazendo uma política que se manifesta como negação da política: líderes oposicionistas, especialmente os governadores, estão sempre ocupados em negar que tal ou qual ação seja contra o governo federal – como se fosse um ato criminoso opor-se a ele. Cria-se uma cisão, que é pura especulação teórica, sem base empírica, entre "administrar" e "fazer política". E qual é o marcador dessa falsa disjunção? A economia. Como não se vislumbra a possibilidade de uma crise nos três ou quatro anos vindouros, os oposicionistas, sobretudo tucanos, parecem ambicionar apresentar-se como a resposta necessária para os desafios do pós-Lula – mas de braços dados com o lulismo.
Há nessa pretensão uma formidável ilusão, que consiste em supor que se possa ter um lulismo sem Lula; que se possa apenas dar mais eficiência à economia, mas preservando os fundamentos do estado patrão, assistencialista, gigante e reparador. As oposições refugam todas as chances que apareceram de ter uma agenda própria e de falar àquela gente do Maracanã e dos aeroportos. Gente capaz de, resistindo à gigantesca máquina oficial de culto à personalidade, vaiar Lula. Os que deveriam liderar a resistência tornam-se caudatários e até propagandistas do assistencialismo, tentando emular com aquele que deveria ser o seu antípoda. E eu lhes digo: inexiste um lulismo virtuoso, universitário, de barba feita e gramática no lugar. Inexiste o lulismo sem Lula.
Sim, a vaia do Maracanã era um protesto e uma premonição; expressava um juízo sobre o passado e traduzia uma expectativa, macabramente cumprida. O Maracanã e o movimento "Cansei" não são o Brasil, sei bem. Mas são bastante representativos da parcela que não tem nem Bolsa Família nem Bolsa BNDES. Um Brasil que, pasmem!, é a imensa maioria. Falta que se tenha essa clareza. A crise política que aí está é uma crise de liderança das oposições. Ou alguém se apresenta ou já pode ir-se preparando para entrar também na fila da vaia.
Introdução Um ríspido debate público vem assumindo a cena principal na imprensa brasileira. Ele tem significado e peso sociopolíticos que devem ser levados a sério, mas seus protagonistas não são os chamados políticos profissionais, atores costumeiros vinculados a legendas partidárias. Renascidas das cinzas após o fracasso do socialismo, surgem na discussão as classes sociais. A argumentação de Reinaldo Azevedo, que defende as manifestações e posições da classe média, enquadra-se nesse cenário. O texto permite que você explore alguns conceitos sociológicos bastante atuais - e outros que remontam às teorias marxistas. Atividades1ª aula - Com o auxílio do professor de Língua Portuguesa, promova a leitura coletiva do artigo, cuidando para que a turma compreenda plenamente as idéias do autor. Destaque a ironia da frase "Quem tem boca vaia Lula", que parodia um conhecido ditado popular. Se for o caso, lance mão de um dicionário para esclarecer o sentido de expressões pouco usuais, como desídia, digressão, nhonhô, disjunção, caudatários, emular e antípoda. E discorra acerca do significado do neologismo esquerdopatia, uma doença que supostamente aflige os políticos de orientação socialista. Faça ver que o ensaísta de VEJA defende a legitimidade da intervenção da classe média na vida política. Contra o que e contra quem se insurge esse estrato social? E as demais classes, que posições assumem nesse contexto? Encontrar a resposta não é fácil, pois tudo merece antes outra análise. Afinal, o que é a classe média? Quais são as outras? É produtivo observar a sociedade com base na divisão de classes? Ressalte que a existência de tais segmentos nem sempre é evidente. Conforme os critérios adotados, enxergamos classes que não perceberíamos seguindo parâmetros diferentes. Um fato, no entanto, é emblemático: um setor da sociedade paulistana, com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), lançou um movimento denominado Cansei. Adesões e críticas à iniciativa vêm ocorrendo com ampla divulgação da mídia. O fenômeno traz à tona algo que se enuncia como uma expressão em desuso: o seu "caráter de classe". Em outras palavras, mesmo sem saber, seus signatários parecem falar em nome dos interesses de alguns, e não da coletividade. E quem seriam esses "alguns"? Para certos críticos, as "elites" endinheiradas e, para outros, a classe média. Também há quem entenda que os dois termos soam como sinônimos. Resta muito a refletir sobre essa questão, que reforça divisões, marca diferenças, acelera ressentimentos etc.

• As diferenças sociais e o critério de renda
– As sociedades modernas proporcionam a seus membros uma liberdade individual e uma participação na vida política inviáveis no passado. Tanto do ponto de vista pessoal quanto do coletivo, as tendências passaram a ser democráticas. E, no plano econômico, o acesso à riqueza é, em tese, mais aberto do que foi sob os moldes tradicionais. Mas, na prática, a realização das sociedades contemporâneas é bastante complexa e boa parte de suas dinâmicas diverge da teoria. Em suma, esses conjuntos são internamente muito desiguais. Ao longo do tempo, foram desenvolvidas várias formas de detectar e interpretar tais diferenças. Nesse esforço é que se consagrou o conceito de classe social.
Manifeste sua opinião: As classes sociais existem de modo inequívoco e todos as enxergam da mesma maneira? Justifique.


Quando falamos em classe média, supomos que ela ocupa uma posição intermediária em relação a dois extremos, um superior e outro inferior.
Mas como se determina isso?

O que é esse grupo intermediário? Perceba que: só parece lógico definir como médio algo que pode ser aferido numericamente. Não por acaso, a palavra média faz parte do jargão estatístico. O que caracteriza a classe média é seu quinhão de riqueza - ou renda. Os membros dessa categoria, portanto, se enquadram numa faixa de renda mediana. No caso brasileiro, em que o salário mínimo atual é de 380 reais, quem ganha até cerca de seis salários para sustentar a família pode ser chamado de pobre. Os que recebem de sete a uns quarenta salários formam a classe média (com suas subdivisões média-baixa e média-alta). A renda mensal superior a 20000 reais situa o início da escalada para as classes altas. Deixe claro que esses números são mais ou menos arbitrários.

Delimitar classes sociais assim é suficiente?

Esse padrão traduz toda a complexidade das desigualdades brasileiras?

Então, quais são os valores, os desejos, os comportamentos e os interesses desse setor?

Será que pertencem às camadas pobres um professor ou um advogado cuja renda é bem menor que a de um operário metalúrgico?

• A estrutura social vista por outro ângulo
– A obra de Karl Marx traz uma das mais célebres descrições de classe social. Segundo o pensador alemão, compõem um determinado segmento todos aqueles que ocupam na estrutura produtiva a mesma função e posição. Nessa concepção, os donos dos meios de produção - as fábricas, por exemplo - formam a burguesia. Os que possuem apenas a força de trabalho e a vendem por um salário ao burguês pertencem ao proletariado. Eis as duas classes fundamentais para o marxismo. O restante configuraria a "pequena burguesia": profissionais autônomos - médicos, advogados, administradores públicos etc. - que, se não são burgueses, em alguma medida comungam valores com eles.
Esse jeito de definir classes perdeu prestígio e poder explicativo com o passar do tempo, porém ainda conta e se relaciona fortemente com as noções de esquerda e direita, mencionadas no artigo acima. Digamos que é uma dimensão da sociedade que não coincide com a distribuição de renda, mas que também está presente na nossa realidade.

Para dar continuidade às discussões, pesquisem outros critérios de divisão social. Os modelos citados aqui, no entanto, continuam formando opiniões, embora não sejam tão fiéis à realidade do mundo em que vivemos. Lembre que a propalada desproteção à classe média desconsidera a absurda concentração de renda que persiste no país.

Para encerrar, participe com dissertações individuais sobre o tema.

Felicito a sua participação! Esse blog é nosso! Visite-o sempre!

Consumismo Globalizado

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ConteúdoÉtica e cidadania

Objetivos Avaliar aspectos do consumo na sociedade contemporânea

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Reportagem da Veja: A guerra do sabão
Ariel, campeão de venda em outros países, tenta desbancar Omo,o preferido no Brasil
André Viana

A batalha milionária está sendo travada em várias frentes, mas o vencedor será aquele que conseguir provar na lavanderia que deixa a roupa mais limpa, mais branca e mais cheirosa. Depois de aceitar por mais de quatro décadas que Omo lava mais branco, como se isso fosse uma verdade universal, as donas de casa estão sendo convidadas a dar uma revirada num dos mais enraizados hábitos de consumo brasileiro e experimentar um novo sabão em pó: Ariel, líder de vendas em vários países. O que está em disputa é um mercado que movimenta 1 bilhão de dólares por ano e está atulhado de tentativas fracassadas de abalar a liderança do Omo. Desta vez pode ser diferente. A Gessy Lever, subsidiária brasileira da anglo-holandesa Unilever e dona do Omo, tem pela frente um desafiante disposto a apostar pesado. Gigante mundial do setor de higiene e limpeza, a americana Procter & Gamble planeja gastar 120 milhões de dólares nos próximos dois anos na promoção do Ariel. A disputa entre as duas marcas não é travada apenas por aqui. Elas enfrentam-se nas lavanderias no mundo todo – mas só no Brasil a Procter & Gamble está em posição de tanta desvantagem.
Oito de cada dez pacotes de sabão em pó vendidos no país levam o carimbo da Gessy Lever, e metade deles é da marca Omo. A razão de tanta fidelidade está num relacionamento assentado há décadas. Lançado em 1957, o Omo (sigla para Old Mother Owl, "velha mãe coruja" em inglês) foi o primeiro detergente sintético em pó nos lares brasileiros. Chegou junto com as primeiras máquinas de lavar roupa, então só encontradas nas casas mais abastadas, e ganhou consumidores com a entrada das mulheres no mercado de trabalho. As donas de casa já não tinham tempo para ficar de barriga colada ao tanque, esfregando roupa suja com sabão em barra produzido à base de óleos e gorduras vegetais. No ranking das marcas que mais geram receita no Brasil, o Omo, com 600 milhões de dólares anuais, só perde para a Coca-Cola. "O produto líder de mercado pode contar com a fidelidade do consumidor", analisa o publicitário paulista Julio Ribeiro, presidente do grupo Talent. "O hábito de consumo torna o líder teoricamente imbatível." Quando não encontra a marca predileta na prateleira do supermercado, mostra um estudo, o consumidor acaba gastando três vezes mais tempo do que o habitual para fazer a compra.
O que atraiu a Procter & Gamble foi o crescimento no consumo brasileiro de sabão em pó, que pode saltar para 2,5 bilhões de dólares em 2002. Isso reflete, em parte, o aumento na quantidade de máquinas de lavar roupa depois do real e certas mudanças de hábito. As brasileiras estão deixando de lado o velho costume de esfregar colarinhos e meias encardidas com sabão em pedra antes de colocar a roupa na máquina. Se a Procter & Gamble não se intimida com o poder da concorrente é, sobretudo, porque o Ariel vem embalado numa história de sucesso. Vendido em 85 países, é o sabão em pó mais consumido na Europa e nos Estados Unidos. Com 162 anos e cerca de 300 produtos – alguns bem conhecidos dos brasileiros, como as pastilhas Vick, os absorventes Tampax, o sabão em pó Quanto e as batatas Pringles –, a Procter & Gamble é o maior anunciante do mundo, seguido de perto pela Unilever. A empresa decidiu mudar o jeito de a brasileira lavar roupa em 1996, quando comprou três marcas de sabão em pó da Bombril, protagonista de outra tentativa fracassada de quebrar a hegemonia do Omo. Em três anos, mesmo antes do lançamento do Ariel, a Procter & Gamble ocupou 12% do mercado. "Em um ano, vamos atingir 22% do mercado de sabão em pó no Brasil – 10% somente com o Ariel", garante Edward Jardine, presidente da Procter & Gamble no Brasil, no Chile e na Argentina. "O Ariel vence em outros países, mas aqui no Brasil o espaço é nosso", desdenha Antonio Kriegel, diretor da área de detergentes da Gessy Lever. Vai depender, evidentemente, de qual lava mais branco.
Montagem de Pepe Casals sobre fotos de: J. Miranda e Tiago Talarico



Introdução
Imagine duas mulheres fazendo compras em um supermercado. A primeira, que recebe 10 mil reais por mês para dirigir a área de vendas de uma empresa, examina um pacote de biscoitos suíços, iguaria que experimentou na Europa. Depois de comparar os preços, decide levar um similar nacional, também saboroso e mais barato. A outra consumidora, dona de casa, administra os quatro salários mínimos mensais que o marido ganha como motorista. Mesmo correndo o risco de estourar o orçamento familiar, leva os biscoitos suiços, que ela já havia visto nos comerciais da TV. Todo mundo consome. Do descaroçador de azeitonas ao relógio de grife, do tênis ao carro importado, da obra de arte ao bichinho virtual, do hambúrguer aos brincos de diamante, tudo está à venda. A economia capitalista depende de produção e comércio, e a comunicação desempenha um papel decisivo nesse processo. O texto enfoca recursos da publicidade e do marketing, que não medem esforços para convencer o público a preferir determinados produtos - ou para adequar suas mercadorias ao gosto da clientela. No exemplo do supermercado, o comportamento da dona de casa humilde, que não hesitou em escolher um produto além de suas posses, recebe uma óbvia influência da publicidade.

Discussão secular
A necessidade cria o desejo? Ou seria o contrário? O debate sobre a sociedade de consumo já dura quase um século. O movimento de defesa dos consumidores acusa os publicitários de povoar a mente do público com falsas necessidades consumistas, totalmente dispensáveis. A publicidade, por sua vez, retruca: ela não cria as necessidades; apenas descobre, por meio de pesquisas, os desejos mais íntimos das pessoas. Então, lança no mercado produtos sob medida para atender às expectativas. É verdade que a publicidade têm exageros, mas acreditar que ela têm o poder de impor maquiavélicos padrões de consumo, seria tão ingênuo quanto acreditar na existência de bruxas. Seja qual for a assertiva que se escolha, uma idéia merece crédito - foi nos anos 1900 que a sociedade de consumo nasceu, desenvolveu-se e amadureceu. Em seu ensaio Breve Século XX, o historiador Eric Hobsbawn situa o início do fenômeno do consumismo: "O novo comportamento das pessoas na fase de ouro do consumo (começa) nas décadas do pós-guerra. Esta é a época na qual a publicidade e a aceleração do consumo ganham seu grande impulso, sobretudo nos Estados Unidos. E os valores americanos não estão se universalizando com a globalização do mundo? E como valorar essas mudanças?" Consumir é vital
Um relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) conclui que "a vida humana é fundamentalmente alimentada e sustentada pelo consumo. A abundância de consumo não é crime. Ele tem sido, de fato, o sangue da vida de muito do progresso humano. A verdadeira questão não é o consumo em si mesmo, mas os seus padrões e efeitos. Os padrões de consumo de hoje devem ser mudados para fazer progredir o desenvolvimento humano de amanhã". Eis o epicentro do nosso debate. Que tal educarmos o consumidor para agir de modo mais consciente? Seus gostos, desejos e anseios devem prevalecer. Mas ele precisa saber o que é realmente necessário e o que não passa de supérfluo entre as suas possibilidades de aquisição num mercado ávido pelo dinheiro dos gastões compulsivos. Deixar-se seduzir pela publicidade não é o problema. Grave mesmo é ser ingênuo, passível de manipulação.

Atividades
1. Estamos na era da propaganda globalizada. Das dez principais agências de publicidade brasileiras, sete foram compradas ou associaram-se a agências internacionais. Cada vez mais são divulgadas campanhas mundiais, que não têm necessariamente alguma relação com as realidades locais.
Você consegue distinguir um anúncio que apela aos valores regionais de uma peça publicitária mundial.
Dê exemplos.

2. Segundo analistas da comunicação, as propagandas de tênis anunciam o produto-símbolo da globalização, na medida em que os calçados esportivos gozam da preferência geral dos consumidores.
Você concorda com essa idéia? O tênis é um ícone? De quê? A publicidade tem alguma relação direta com esse fato?

3. Uma pesquisa recente promovida pelo Ibraco (Instituto de Altos Estudos de Comunicação) sugere: "quando a propaganda divulga um destes produtos para o seu público-alvo, está produzindo um efeito além do mercadológico, criando o referencial de padrão de vida e de bem-estar para toda a sociedade. É neste plano que se faz presente a sua responsabilidade social e o seu envolvimento com a ética no sentido mais amplo e social do termo".
Discorra(fale) sobre as responsabilidades éticas e sociais do publicitário.
Onde a liberdade de expressão do comunicador entra nesse contexto?

4. Outra pesquisa revela que os jovens de uma favela do Rio de Janeiro compram tênis importados mas temem chegar em casa ostentando seus calçados - para não serem roubados no caminho. A exclusão social, somada à aparente possibilidade de acesso a produtos e serviços que a publicidade democraticamente "disponibiliza" é uma causa da violência crescente em nossa sociedade?

5. Quando você adquire um produto de determinada marca, que critérios adota na escolha?
Compra porque é a marca que todos usam?
A propaganda chamou a sua atenção?
A qualidade do produto pesa mais nessa decisão?
Ou a compra é movida pelo hábito?
Nesse caso, o que o levou a optar por essa marca pela primeira vez?


Consultoria Marcelo Gomes SodréProfessor de Direito da PUC de São Paulo

terça-feira, 16 de junho de 2009

EXCLUSÃO DIGITAL

A exclusão social digital dá-se principalmente pela falta de poder aquisitivo da grande maioria, estes não conseguem comunicar-se com a mesma velocidade dos incluidos, pois os últimos estão conectados em redes de computador que tem uma rapidez quase instantanea, com isso suas mensagens são transmitidas em tempo recorde dispensando a ida ao correio, isso então mobiliza a comunicação e as oportunidades a essa camada.
Os excluidos perdem terreno em todas as áreas de informação por não ter computador conectado a provedor, a linha telefonica e condições financeiras de adquirir o conhecimento para operar, fica então essa camada limitada à informações escrita e televisiva, deixando de saber até o que acontece no seu proprio país
Na obra O que Educação, o autor Carlos Rodrigues Brandão, reflete um dilema que oculta outros, a educação é de concepção subjetiva e objetiva, e social e também afirma que o profissional da educação deve ser o mediador entre o educando e as novas tecnologias.
Após estudos realizados, é impossivel continuar na velha estrada, os conhecimentos adquiridos em um curso relevante a novos paradigmas, muda-se conceitos e cuja filosofia não se dirigia somente aos objetos práticos, aos valores e as virtudes, mas também ao conhecimento tecnológico-cientifico. Fatores necessários para uma construção de vida e novos horizontes profissionais.
Ao termino deste curso concluí que ainda é necessário
investimentos humanos e financeiros, muita pesquisa, estudo e planejamento para que o conhecimento científico-tecnológico seja prioridade no Brasil. Os instrumentos tecnológicos levados para a sala de aula são benéficos ao ensino, o computador para pesquisa, o celular para a comunicação do grupo (aluno) e integração educador / educando.
Tem várias utilidades na área tecnológica vista que ambos tem inúmeras funções.Com a minha colaboração, a sua, o envolvimento de vários grupos e com a ajuda de toda a humanidade pode-se ter um futuro com mudanças comportamentais, uma era de cidadãos conscientes.

Apresentação

Olá, eu sou a professora Olga Cristina, graduada em Letras e especializanda em Gestão Educacional, estou dinamizadora da biblioteca e sou professora de Português e Sociologia no Colégio Estadual Jardim Cascata.
Convido vocês a participarem desse blog para propagar e divulgar nossas idéias e experiências tão ricas, as quais adquirimos em cada curso, em cada amizade, a cada dia que nossos paradigmas se confrontam com o de alguém. SEJA ESSE ALGUÉM, DIVULGUE AQUI SEUS IDEAIS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!