terça-feira, 23 de junho de 2009

Desigualdade à flor da pele

Atividades de Sociologia- EJA - Ensino Médio
Desigualdade à flor da pele

ConteúdoEtnias e racismo

Objetivos Conhecer e debater os argumentos favoráveis e contrários à manutenção do sistema de cotas

Reportagem da Veja: Cotas: o justo e o injusto

Introdução
Inaugurado no Brasil em 2001, quando o Rio de Janeiro instituiu o primeiro modelo em suas duas universidades estaduais, o sistema de cotas para minorias (negros e egressos de escolas públicas) no Ensino Superior ainda gera polêmica. Em sua coluna desta semana, a escritora Lya Luft lança sua opinião contrária às cotas, por enxergar nelas uma série de conseqüências que, paradoxalmente, reforçariam o que tentam — em tese — combater. Segundo ela, as cotas terminam por afirmar que os negros são menos capazes e que a escola pública não tem salvação, uma opinião muito freqüente nessa polêmica. Curiosamente, depois de seis anos, os argumentos contrários às cotas são bem mais conhecidos do que os favoráveis. E os defensores, o que dizem? Será que nenhum dos males apontados pelos opositores das cotas foi previsto por seus idealizadores?
Veja o que aconteceu desde que as cotas entraram na cena educacional brasileira e para exercer uma problematização num outro patamar. Afinal, muito em breve vocês estarão enfrentando o funil do vestibular, e um debate mais aprofundado pode ajudá-los a estruturar novos pontos de vista.

Atividades

O arsenal jurídico e ético da igualdade

Cotas privilegiam alguns em detrimento de outros; cotas admitem que alguns cidadãos brasileiros são diferentes de outros; cotas, mais concretamente, dão a uma pessoa que se declara negra o direito a uma vaga na universidade mesmo que seu desempenho no vestibular tenha sido inferior ao de outro candidato. Como não se cansam de lembrar os adversários das cotas, tudo isso parece violar a Constituição brasileira e o princípio da igualdade ali exposto. Mas todo esse arsenal jurídico e ético é (e era) mobilizado para defender que esta igualdade se dê antes do vestibular? Antes da proposição das cotas, a desigualdade de formação das crianças e dos jovens brasileiros era alvo de tantos protestos? Os negros não são menos capazes. Então, por que permanecem como minoria nas universidades públicas brasileiras? Se todos os críticos das cotas e de suas deformações despenderem a mesma energia na luta pela igualdade das condições na base educacional e se forem tão críticos em relação ao que o ensino público é, a polêmica produzida pelas cotas já terá cumprido um papel importante.
Dê sua opinião: Existe um clamor público contra as condições extremamente desiguais da educação no Brasil?

Escola pública
O sistema público de educação é desigual: no Ensino Superior, ele é mais bem estruturado. Nossas melhores universidades são públicas e dedicam-se ao ensino e à pesquisa, algo que poucas instituições privadas conseguem fazer. Por sua vez, nos níveis fundamental e médio, a realidade é outra. Em especial nas grandes metrópoles, os indicadores obtidos nos exames nacionais mostram um quadro desalentador nas escolas públicas.
Qual é a conseqüência social dessa condição? Ninguém de "classe média baixa" para cima coloca seus filhos em escola pública e todos os outros que não podem migrar para o sistema privado permanecem como "derrotados" na rede pública. Não é verdade que está estabelecida a idéia de que ascender socialmente, vencer na vida, é conseguir migrar dos serviços públicos — educação, saúde e transporte coletivo — para os serviços privados — escola particular, convênio médico e automóvel? Se socialmente está legitimada a opção pelo ensino privado como o melhor, quem vai pressionar o estado a investir e melhorar o ensino público? É evidente que ele precisa mevoluir, mas há um clamor para isso? Quem, em sã consciência, pode ter uma expectativa real de mais qualidade no ensino público no Brasil? Enquanto essa possibilidade absolutamente incerta não dá nenhum indício sério de realização, como ficam as populações que estão condenadas ao ensino público? Sem cotas e sem universidade. Não é possível admitir que a idéia das cotas é uma medida de choque contra esse quadro imóvel? Pode ser uma medida discutível, mas causou algum abalo nessa inércia trágica.
E agora, como recuperar a escola pública? considerando esse contexto, promovida pela idéia das cotas.

O que fazem as universidades
Algumas universidades adotaram um regime de cotas para o ingresso nos seus quadros. A maioria delas, porém, não agiu dessa maneira. Apesar disso, a proposição de cotas causou mudanças, mesmo nas instituições em que foi negada. Por exemplo: descobriu-se, em algumas delas, que muitos "candidatos a candidatos" não se inscreviam no vestibular porque nem sequer tinham recursos para pagar a inscrição. Essa constatação resultou em formas de garantir a inscrição, isentando os candidatos carentes dessas taxas. A recusa das cotas obrigou os que eram contra elas a apresentar propostas melhores para solucionar a questão da desigualdade de oportunidades. E levou as universidades a se importarem com o que acontece no universo dos candidatos que as procuram. Mas ainda há muito a fazer. Um exemplo significativo da maior universidade brasileira, a Universidade de São Paulo: praticamente não há professores formados em seus cursos que exercem a profissão no sistema público do mesmo estado, só na rede privada.

Se a universidade pública pretende (e deve) interferir no quadro do ensino básico, garantindo algum nível de igualdade de oportunidades, não deveria trabalhar no sentido de estimular a presença de seus formandos no sistema público?

O que as universidades devem fazer para democratizar as oportunidades de trabalho?
Ou só formar resolve o problema?

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5 comentários:

  1. Trabalho sobre: Estratificação social no Brasil de hoje.

    As primeiras análises da Pnad-2007 divulgadas ontem (22/09) pelo Ipea mostram que 13,8 milhões de brasileiros mudaram de estrato social entre 2001 e 2007. Dividindo-se a população brasileira em três faixas de rendimentos, mais de 10 milhões deixaram o faixa do um terço mais pobre (que recebe até R$ 545,66 de renda familiar) e passaram a integrar a faixa intermediária (que recebe até R$ 1.350,82 de renda familiar).

    E 3,6 milhões saltaram dessa faixa intermediária para o terço superior de renda, que recebe acima de R$ 1.350, 82. Ainda segundo o estudo divulgado hoje no escritório do Ipea no Rio de Janeiro, o grau de desigualdade de renda no país caiu de maneira acelerada e contínua neste século e declinou 7%, passando de 0,593 em 2001 para 0,552 em 2007. Isso corresponde a uma taxa de redução média anual de 1,2%.

    Contudo, esses movimentos não foram homogêneos por todo o país, revelando que, apesar dos avanços, a desigualdades regionais continuam muito significativas. O Nordeste, por exemplo, concentra ainda hoje 49% de sua população vivendo com uma renda familiar menor que R$ 545,66, isso equivale a 25,3 milhões de brasileiros.

    Os dados fazem parte do Comunicado da Presidência nº 9, "Pnad-2007: Primeiras Análises" volume 1. Clique aqui e acesse o documento.
    Alunos: Ismael nº 08 e Leonardo nº 13

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  2. Trabalho sobre: Estratificação social no Brasil de hoje.

    As primeiras análises da Pnad-2007 divulgadas ontem (22/09) pelo Ipea mostram que 13,8 milhões de brasileiros mudaram de estrato social entre 2001 e 2007. Dividindo-se a população brasileira em três faixas de rendimentos, mais de 10 milhões deixaram o faixa do um terço mais pobre (que recebe até R$ 545,66 de renda familiar) e passaram a integrar a faixa intermediária (que recebe até R$ 1.350,82 de renda familiar).
    Contudo, esses movimentos não foram homogêneos por todo o país, revelando que, apesar dos avanços, a desigualdades regionais continuam muito significativas. O Nordeste, por exemplo, concentra ainda hoje 49% de sua população vivendo com uma renda familiar menor que R$ 545,66, isso equivale a 25,3 milhões de brasileiros.
    Alunos: Adilson nº 01, Lucines nº15, Mirian nº19, Marcivaldo nº16 e Moises nº 20.

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  3. Para falar em classes sociais no Brasil é preciso estabelecer primeiro os critérios de classificação, os padrões que as possam definir. Numa sociedade em que a escravidão ocupava lugar de destaque, a primeira classificação é relativa ao trabalho, separando escravos e livres. A importância desta classificação explica a aversão do brasileiro pelo trabalho braçal, servil, por ser o critério fundamental na hierarquia social.

    Mas nem este critério, aparentemente inconfundível, é tão definido como parece, pois era muito pequena a diferença entre um negro de ganho, escravo, que trabalhava praticamente em liberdade, e um negro alforriado, de quem os brancos continuavam a exigir sinais de reverência e submissão.

    “Os brancos exigiam que os negros, mesmo livres, lhes cedessem o lugar nas estradas e ruas. O mulato claro tinha maior facilidade de alforria. Era ponto de honra branco só hospedar-se com branco. Mesmo nas Misericórdias faziam-se restrições ao negro. Embora fosse corrente o dito que negro rico é branco e branco pobre é negro, a realidade era outra; é fácil perceber como o negro livre mantinha arraigada a mentalidade de escravo, reconhecendo a sua posição na sociedade racista. Apesar da grande influência que tiveram os mulatos na vida nacional, principalmente após a831, e de modo especial pelo caminho do exército, eles carregavam sempre o complexo racial, procurando aproximar-se o mais possível do tipo branco.” (PRADO JUNIOR, C. Formação, p. 97-98).

    Entramos assim outro fator de classificação em que se misturavam classe e raça. A cor, ou melhor, os estigmas raciais, principalmente da raça negra, era critério de segregação, impediam ou limitavam a ascensão social. Para subir era preciso, além de livre, ter cabelos bons, isto é, liso, pele não muito escuro, e nariz não muito chato.

    Falamos em subir. Subir para onde? – Para a classe dos privilegiados, que exerciam influência na sociedade; a classe dos ricos. A propriedade, a riqueza, era fator determinante na escala social; mas não era exclusivo. Havia pretos ricos; não muitos, mas havia; e eles jamais fariam parte da classe alta, por lhes faltar o outro elemento, o racial. Não é por acaso que, ao delinear-se a sociedade brasileira em formação, aparece o complexo do branqueamento, num país em que os brancos puros eram tão pequena minoria. Cresce o complexo de ser o brasileiro de raça inferior, que por muito tempo vai acompanhar o brasileiro de raça inferior, que por muito tempo vai acompanhar os intelectuais brasileiros.

    Inteligência e cultura também classificavam, mas na dependência dos critérios de riqueza e de cor; mulato pobre, embora inteligente, não rompia facilmente a barreira.

    Satisfeito o requisito racial, o elemento mais forte de classificação era a riqueza, expressa principalmente na posse de terras e na quantidade de escravos. Daí a preocupação de ostentar riqueza, e a mania geral de querer chegar a senhor-de-engenho ou grande fazendeiro.
    Cont...

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  4. Cont...
    Na luta de estratificação, de acomodação das camadas sociais, que se percebe paralela à revolução da Independência, os senhores-de-engenho, os ricos fazendeiros, os traficantes de escravos, e outros detentores das riquezas, não tardarão em tomar as rédeas do poder, comandando a contra-revolução; serão eles os donos do país após 1831.
    As classes sociais não eram estáticas; não existindo, como em sociedades mais antigas, um critério de nobilitação, como o nascimento, a pessoa podia mudar de posição na escala social, seja enriquecendo-se e subindo, seja perdendo os bens e descendo, em dura competição.

    Os grandes comerciantes, todos estrangeiros, não eram bem vistos pelos brasileiros; foi em relação a eles que começaram a diferenciar-se portugueses e brasileiros, e muitos movimentos populares nasceram de reação ou protesto contra eles. Havia ricos negociantes portugueses muito rudes, analfabetos. Em nosso período multiplicam-se os negociantes de outras procedências, principalmente ingleses e franceses.

    Era de muita importância social a ostentação de riqueza, que podia ser exibida no número de escravos, principalmente nas aparatosas comitivas de escravos de libré, bem tratados e limpos, que acompanhavam a família em suas saídas; nas roupas e meios de transporte; nas jóias e nas baixelas de ouro e prata; na irmandade a que alguém pertencia; no lugar que ocupava na igreja e nas procissões. Em muitas igrejas de Minas é possível, ainda hoje, imaginar a cena: à frente, em estaque junto aos presbitérios, recebendo as honras do incenso e da paz, as pessoas de importância especial; ao centro da nave isolado por grades de madeira, as mulheres brancas, acocoradas ou assentadas no chão; em redor das grades, os homens brancos; na entrada, e fora da porta, os pobres e escravos.

    Para o conforto eram pouco aproveitadas as riquezas; o modo de comer e morar variava pouco do remediado para o rico. O contato com estrangeiros, nas cidades maiores, é que começou a criar hábitos de conforto. Na zona rural continuavam como expressão de riqueza as casas-grandes das regiões açucareiras, e as fazendas; nas concentrações urbanas destacavam-se os sobrados. O sobrado classifica e segrega; isola o interior da casa do burburinho da rua; a separação muitas vezes é agressiva, com muros, cacos de vidro, grades de ferro com pontas.

    Havia ainda outros elementos de classificação social: as comendas, que podiam ser adquiridas por dinheiro; viajar em rede; andar de sapatos; não hospedar-se em vendas à beira da estrada; manter os negros a certa distância. Também eram importantes as irmandades e associações religiosas como expressão de separação social e racial.

    De modo geral podemos admitir duas classes, sendo uma constituída pelo pequeno número de privilegiados, e a outra pela massa do povo. Entre os privilegiados podem ser colocados: os grandes proprietários rurais; alguns altos escalões do funcionalismo público, por força dos prestígios e da influência; os comerciantes; algumas profissões muito rendosas, como a dos mercadores de escravos; o clero, por dois critérios: participavam os padres da pouca numerosa elite cultural, e eram representantes da religião que, por ser oficial, lhes dava prestígio de funcionários qualificados e, por ser profundamente arraigada na alma popular, lhes garantia o respeito do povo.
    Cleonice nº 05, Fabricia nº 06, Kássia nº12 Merinesia nº17, Gislene nº 07, Regiane nº 22, Wagner nº24

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  5. ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
    Neste sentido povo, como disse, não existia. Podemos classificar como povo a grande massa dos que não conseguiam os meios regulares de subsistência, fossem livres, libertos ou escravos; aqueles que não eram considerados cidadãos ativos nem eleitores: criados, caixeiros, artesãos, marinheiros, pequenos funcionários, soldados, e a multidão de desempregados que eram chamados de vadios. Os escravos não eram considerados cidadãos, e, como os índios não-integrados, nem brasileiros, mesmo ao receberem a liberdade, se nascidos na África.

    Constituindo maioria, embora sem consciência de unidade, a massa do povo procurou ter parte ativa no processo da Independência, que lhe interessava muito mais no aspecto social do que no político. Os vadios participaram de todos os movimentos e sublevações, mantendo o país em estado pré-anárquico. Quanto mais os privilegiados se consolidavam no poder, mais se impacientava o povo, e mais forte se tornava a repressão. A opinião de Feijó, classificando o povo como anarquista, em oposição aos proprietários e industriais, “que representam familias e bens”, exprime o sentimento dos que dirigiam o país. As lideranças brasileiras dão continuidade à política colonial portuguesa de manter em estado de medo os índios, os escravos, os caboclos, o povo.
    Adriano nº02

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