quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sociologia - Religião se discute, sim.

Religião se discute, sim. A sala de aula e o blog são os melhores lugares para isso

Conteúdo
Instituições sociais

Objetivos
Analisar de maneira crítica o discurso dos grupos religiosos dentro da sociedade

Texto: Grana, glamour e gospel

Grana, glamour e gospel
Rica e lipoaspirada, a bispa Sonia atrai fiéis com sermão que mistura Deus, casamento e cosméticos Thaís Oyama


Culto da Renascer: versículos e dicas de auto-ajuda ensinam fiéis a ter sucesso no amor e no trabalho
Na emergente constelação evangélica do país, ela é um fenômeno. Única mulher de destaque dessas igrejas em expansão, tem um título que ainda soa estranho aos ouvidos da maioria (bispa) e um apelido inevitável (a perua de Deus). Sonia Hernandes, líder da igreja Renascer em Cristo, chama sacristia de camarim, usa roupas de grife e não sai sem maquiagem nem para ir à padaria. Aos 42 anos, conseguiu realizar por linhas tortas a fantasia infantil de ser atriz e usufrui o kit completo de celebridade televisiva: dá autógrafos na rua, tem personal stylist, mora em casa cercada de seguranças e orgulha-se de ter o rosto estampado em revistas de famosos. Com duas plásticas e uma lipoaspiração no currículo, é a cara, bonita e bem-cuidada, da igreja que fundou com o marido, Estevam Hernandes, recentemente promovido de bispo a apóstolo. Zeca Rodrigues
"Deus não decepciona. Abram a Caras, vejam o casamento que nós demos para nossa filha."Sonia Hernandes, estimulando os fiéis a fazer doações
Sonia comanda o quadro De Bem com a Vida, carro-chefe da Rede Gospel, o canal a cabo da Renascer. Com uma Bíblia verde fosforescente nas mãos, entrevista personalidades evangélicas, exibe videoclipes de bandas gospel, faz merchandising de produtos e intercede a Deus por seus fiéis. São noventa minutos de produção sofrível e figurino impecável. Para ungir as dezenas de cartas com pedidos de emprego, curas e marido, exibe os dedos cobertos de anéis de brilhantes. Suas roupas ostentam grifes de estilistas famosos, como Reinaldo Lourenço, e tanto a maquiagem quanto o cabelo são obra de salão cinco-estrelas que ela freqüenta religiosamente todos os dias.
Nutricionista por formação, Sonia não chegou a exercer a profissão. Há alguns anos, conseguiu estágio no Hospital das Clínicas de São Paulo e ensaiou tirar o diploma da gaveta. O estômago delicado, no entanto, não deu conta da missão. Enjoada com os odores do ambiente, abandonou o front no terceiro dia de trabalho. Agora, usa o conhecimento apenas em benefício próprio: vive de dieta, já que tem pavor de retomar a silhueta rechonchuda da infância. Para cumprir a agenda abarrotada, passa o dia beliscando uvas passas e damascos. Tem sempre uma cesta cheia em seu "camarim", como chama o espaço reservado para ela nos fundos da sede principal da Renascer, no bairro paulistano do Cambuci. É lá, à frente dos cultos de domingo, que Sonia exibe sua melhor performance.
Diante de uma platéia de até 5.000 pessoas, a bispa canta, dança, dá gargalhadas, desfaz-se em lágrimas e leva o público ao paroxismo com seu sermão heterodoxo. Entre parábolas e versículos da Bíblia, fala, por exemplo, da importância da lipoaspiração para a saúde de um casamento e dá um toquezinho apimentado aos conselhos sobre a multiplicação das alegrias do sexo marital. É tudo coisa de um pragmatismo bem básico – e reside aí o principal trunfo da Renascer. Em lugar de se limitar a apregoar o milagre da felicidade conjugal e do sucesso material como conseqüência da generosidade nas oferendas materiais, conforme rezam os preceitos da teologia da prosperidade de suas congêneres, a Renascer "reforça" a garantia do retorno celestial ao dar dicas para obter um casamento feliz e uma carreira bem-sucedida.
Essa parte mais séria, de carreira, fica com o marido da bispa, o cabeça do casal, como ela docemente proclama, e do empreendimento religioso conjunto. O sermão que ele ministra às segundas-feiras é dirigido especialmente a empresários e gerentes ansiosos por alavancar seus contracheques. A eles, o apóstolo fala da importância do pensamento positivo na conquista da riqueza e da necessidade de manter em ordem a mesa de trabalho. Primeiro, "porque Deus não opera no caos" e, segundo, porque "o funcionário que demora para encontrar o papel que o chefe pediu não é candidato a promoção". É a auto-ajuda a serviço da fé. Não por coincidência, um dos autores de cabeceira do apóstolo é Norman Vincent Peale, um dos papas dos best-sellers de soluções instantâneas. A si mesmo, o apóstolo Hernandes ajudou-se muito bem. Filho de um jardineiro, trabalhou na juventude como açougueiro e vendedor. Hoje, dedicado integralmente à igreja que fundou, ostenta estilo de vida que é o avesso do ascetismo protestante. Anda de BMW com motorista, calça sapatos Gucci e só veste ternos sob medida da grife italiana Ermenegildo Zegna. A bispa compartilha o gosto do marido pelo conforto. A casa de três andares em que mora, na Chácara Klabin, Zona Sul de São Paulo, tem sete empregados, piscina, academia de ginástica e garagem para três carros – além do BMW, um jipe Mitsubishi e um carro Palio Weekend. Agora, só dois de seus três filhos vivem lá: Felippe, de 22 anos, e Gabriel, de 8. Fernanda, de 19, casou-se em janeiro com o modelo Douglas Rasmussen. Além desse verdadeiro presente dos céus, ganhou festa de princesa, com bufê para 1.000 convidados e lua-de-mel no Taiti. Fernanda (chamada a patricinha de Deus, e o que mais poderia ser?) já segue os passos da mãe, apresentando um programa na emissora da família. No mês que vem, promete estrear um segundo, baseado no "Bom Encontro", uma das boas idéias da Renascer: culto especial para solteiros e solteiras em busca de um par (e, se dali se partir para o encontro propriamente dito, a igreja também vende a lembrancinha que o rapaz educado leva para a moça).
Ser rico é bom e Deus quer que seus filhos sejam felizes, diz a bispa, ao resumir os princípios doutrinários que abençoam seu estilo de vida. "Deus deseja o nosso bem. Ele deseja o nosso sucesso", proclama. E quem é ela para contrariá-Lo? Entre os prazeres dos quais Sonia desfruta sem culpa estão as freqüentes viagens ao exterior. Sempre que visita Israel, aproveita para "dar uma esticada pela Europa". Esticada vai, esticada vem, já conhece mais de dez países do continente, sem contar Japão, Egito, Austrália e Coréia do Sul. Quando Sonia não está no exterior, ela e o marido alternam os fins de semana entre a casa de praia na Riviera de São Lourenço, no litoral norte de São Paulo, e o sítio em Mairiporã.
A vida já foi mais dura para os Hernandes. Quando se casaram, ela aos 19 anos, ele aos 23, foram morar em um pequeno apartamento no bairro da Vila Olímpia. Hernandes estudava administração de empresas e trabalhava em uma indústria de ferramentas. Sonia fazia faculdade e ajudava nas despesas da casa administrando a butique de uma tia, que funcionava no interior de um salão de beleza de clientela popular no bairro do Campo Belo. "Comprava peças dos camelôs cariocas e revendia lá dez vezes mais caro", relembra, com a leveza de quem deixou essa fase para trás há muito tempo.
Em meados dos anos 80, Hernandes ficou desempregado. Aos problemas financeiros do casal, somou-se uma séria crise conjugal. Sonia conta que mergulhou em uma depressão tão profunda que chegou a planejar o suicídio e a morte dos três filhos. Diz que foi salva por Deus. "Nos reaproximamos da igreja e Cristo não só me tirou das trevas como prosperou o Estevam de tal maneira que ele chegou a gerente de marketing de uma multinacional", enumera. Reconstituído, o casal investiu na recuperação de jovens drogados com a ajuda do rock gospel, cuja introdução no Brasil o apóstolo reclama. A Renascer surgiu a partir daí. Começou em reuniões numa pizzaria, expandiu-se para a sede de um templo tomado emprestado e estabeleceu-se de vez com a aquisição de um antigo cinema no bairro do Cambuci, doação de um empresário.
Hoje, são 600 templos fincados em território nacional. Incipiente até há poucos anos, a Renascer já disputa palmo a palmo com a Internacional da Graça de Deus o segundo lugar no ranking das novas igrejas evangélicas surgidas a partir da explosão da Universal do Reino de Deus – que mantém o posto de primeiríssima da categoria. A rapidez da emergência deve-se, sobretudo, ao método que o apóstolo Hernandes diz ter extraído da Bíblia, batizando-o de GCD, Grupos de Comunhão e Desenvolvimento. Por essa espécie de sistema de franquia, cada fiel é estimulado a constituir o próprio grupo de orações, reunindo vizinhos e amigos em casa. Enquanto se empenha para que o núcleo cresça, presta contas a um "supervisor espiritual" da igreja, que tem por função evitar desvios, tanto de rebanho quanto de caixa. Quando o grupo alcança proporções de uma miniparóquia, entra em cena um pastor enviado pela sede, que assume o templo-embrião.
Em treze anos de existência, calcula o apóstolo Hernandes, a Renascer já conquistou 3 milhões de almas. O sociólogo Ricardo Mariano duvida. Para o especialista, autor do livro Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil, a Renascer, mesmo com seu fenomenal crescimento, ainda não congrega 100.000 seguidores. Ainda. Como na maior parte das igrejas a proporção de fiéis é de cerca de seis mulheres para cada quatro homens, Hernandes sabe que tem um trunfo poderoso nas mãos: sua mulher, por afinidade de gênero e pela empatia natural, sai na frente na disputa do mercado religioso pelo rebanho feminino. Lisonjeada, Sonia aceita a missão: "Tenho um carinho especial pelas mulheres. Sinto-me em dívida com elas porque a mim Deus já deu muito". Pura modéstia da bispa. Quem já a viu em ação aposta que seu crédito celestial ainda está bem longe de se esgotar.

Introdução
Deus não decepciona, ser rico é bom - mas será que a vida eterna, no Paraíso, é como uma longa temporada numa ilha de famosos, cheia de peruas cobertas de jóias? A reportagem "Grana, Glamour e Gospel" aborda a postura e algumas propostas da Igreja Renascer em Cristo e de sua mais conhecida porta-voz, a bispa Sonia Hernandez.

Examine com atenção esse projeto bem-sucedido de marketing religioso, que se adapta como uma luva à visão de mundo dos chamados emergentes sociais.

Atividades
- Na sua opinião, qual é a origem social da maioria dos adeptos da Renascer em Cristo? Eles são "empresários ansiosos por alavancar seus contracheques" ou pessoas humildes que dirigem à bispa "dezenas de cartas com pedidos de emprego"? - A igreja Renascer em Cristo é associada ao "novo pentecostalismo".
O que significa pentecostalismo? Ele é exclusivo das igrejas evangélicas ou pode ser usado para setores da Igreja Católica como a Renovação Carismática?
É possível aproximar, em termos de sucesso junto ao público e a mídia, a bispa Sônia Hernandes e o padre Marcelo Rossi, da Renovação Carismática?

- Que imagem a bispa transmite aos fiéis? A do sucesso baseado na proteção espiritual?

A título de ilustração: a igreja Renascer em Cristo (e todas as igrejas evangélicas) tem raízes na Reforma Protestante, lançada por Martinho Lutero no século 16. Segundo a ética protestante, a prosperidade era um indício do favor divino. Mas só quem levasse uma vida austera poderia ser considerado um verdadeiro cristão. Isso mudou?
Como vivem os pastores e bispos evangélicos do Brasil e de outros países?

Uma crença religiosa não se limita a prometer a salvação. Ela também expressa a visão de como devem ser organizadas a sociedade e as relações entre as pessoas.
Qual é a filosofia implícita nas concepções da Renascer em Cristo?
A igreja tem algum projeto de combate ao desemprego, além das orações?
A exibição de bens materiais, e em especial de jóias, é típica de que segmento da sociedade brasileira? (Lembre-se que, não por acaso, a bispa Sônia Hernandez tem o apelido de "perua de Deus").


A música Guerra Santa, de Gilberto Gil, critica os que prometem a salvação "desde que você pague primeiro" e os "salvadores profissionais" que investem contra seus "concorrentes".
Se possível, ouça-a e escreva se a crítica pode ser estendida a todas as igrejas estabelecidas. A comercialização da fé, que Gil chama de peixes e/ou limões, e a venda de ilusões mediante o pagamento de dízimos são práticas legítimas?

Guerra Santa - Gilberto Gil
Ele diz que tem, que tem como abrir o portão do céu / Ele promete a salvação / Ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel / Mas não rasga dinheiro, não / Ele diz que faz, que faz tudo isso em nome de Deus / Como um Papa da Inquisição / Nem se lembra do horror da Noite de São Bartolomeu / Não, não lembra de nada não / Não lembra de nada, é louco / Mas não rasga dinheiro / Promete a mansão no paraíso / Contanto que você pague primeiro / Que você primeiro pague o dinheiro / Dê sua doação, e entre no céu / Levado pelo bom ladrão / Ele pensa que faz do amor sua profissão de fé / Só que faz da fé profissão / Aliás, em matéria de vender paz, amor e axé / Ele não está sozinho não / Eu até compreendo os salvadores profissionais / Sua feira de ilusões / Só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz / Deixa o outro vender limões / Um vende limões, o outro / Vende o peixe que quer / O nome de Deus pode ser Oxalá / Jeová, Tupã, Jesus, Maomé / Maomé, Jesus, Tupã, Jeová / Oxalá e tantos mais / Sons diferentes, sim, para sonhos iguais.
Consultoria Teresa Rego - Consultora pedagógica .

Sadomasoquismo e drogas digitais

Sadomasoquismo e drogas digitais

Ética e cidadania

Conteúdo relacionado: Pornô com carteira assinada - 09/05/2007
Era só o que faltava - 09/05/2007

Objetivos
Debater sobre os conteúdos da internet
Analisar o uso que os alunos fazem deste meio de comunicação

Introdução
O primeiro texto destaca um portal que busca conciliar sadomasoquismo e normas de conduta "politicamente corretas", além de denunciar a divulgação anônima de imagens pedofílicas na comunidade de relacionamentos Orkut.
O segundo informa que um site comercializa arquivos sonoros pretensamente capazes de provocar sensações idênticas às de substâncias ilícitas como cocaína, maconha e heroína.

Atividades

Escreva aobre a ética desse comércio eletrônico em que sexo e drogas são mercadorias de um catálogo virtualmente (e literalmente) sem controle.

Comente uma declaração recente do economista José Eli da Veiga, segundo a qual vivemos, simultaneamente, a “era do calmante e a era do estimulante”. A afirmação do pesquisador ajuda a compreender melhor por que portais da internet dedicam-se à venda de sexo e drogas virtuais.

Antes de ler as reportagens indicadas, responda o que você sabe a respeito das origens da rede mundial de computadores e das finalidades concebidas inicialmente para ela. Fale também sobre o caráter democrático da web e sobre certos conteúdos veiculados nesse ambiente cada dia mais popular.

Que mensagens você considera inconvenientes, inconseqüentes ou inadequadas? Sob que perspectivas?

Será que deve haver mecanismos que impeçam a exploração mercantil de determinados conteúdos? Quais? Por quê?

Pesquise sobre eventuais dúvidas decorrentes de interpretação vocabular. Seviciadas, asséptico, edulcorado e custódia são expressões conhecidas por você? E o conceito de auto-indução?

As hipóteses e opiniões lançadas antes de ler os textos se sustentam?

Em 1991, o físico inglês Tim Berners-Lee - então empregado de um laboratório em Genebra, na Suíça - desenvolveu um padrão de hipertexto utilizável em redes de computadores. O pesquisador concretizou uma idéia que até aquele momento não passava de projeto embrionário em meios militares e universidades norte-americanas e européias. Em última análise, ele criou um amplo sistema de distribuição de documentos e correspondência eletrônica, eliminando distâncias e diminuindo dificuldades de acesso imediato a informações. O cientista chamou o programa de world wide web, expressão hoje reduzida à famosa sigla www. Em pouco mais de 15 anos, essa rede global se expandiu de forma extraordinária, absorvendo todo tipo de conteúdo. Ela atualmente abriga bilhões de textos, imagens e sons, disponibilizados quase que instantaneamente para qualquer usuário. Aproveite para examinar a fragilidade dos filtros tecnológicos e do monitoramento mencionados no quadro "Crimes Anônimos no Orkut".

Avalie os sites citados e especule sobre as possíveis razões que levam muita gente a consumir pornografia e ruídos psicodélicos - e pagar por isso.

Pesquise os sites e analise sua validade e viabilidade. Lembre que uma parcela considerável daquilo que está na rede não é confiável nem plenamente utilizável. Muitos dados e informações alocados no ciberespaço são propositadamente equivocados, têm origem duvidosa e pregam idéias preconceituosas em relação a mulheres, grupos religiosos, minorias étnicas e outros. Vende-se de tudo. Existem até sites que oferecem fórmulas para a fabricação de bombas e estratégias para cometer suicídio de modo indolor! Além disso, portais de caráter pornô, sob a alegação de que atendem a desejos e fantasias de uma clientela voraz, valem-se de exposições apelativas de corpos nus e relações sexuais - incluindo suas variantes violentas e bizzarras. Não raro, atentam contra a dignidade humana e os estratos sociais mais vulneráveis, como os que exploram a pedofilia. Fale do esforço do empresário inglês Peter Acworth para estabelecer um clima de respeitabilidade em torno dos vídeos lascivos que produz.

Quais valores morais são evidenciados na decisão de restringir a trinta segundos as "cenas de sufocamento com sacos plásticos". Os sites que comercializam drogas digitais, por sua vez, fazem alusão a um problema que se transformou numa verdadeira chaga social: o uso de alucinógenos. Observe que os nomes de arquivos sonoros disponibilizados pelo I-Doser remetem diretamente a substâncias ilegais: cocaína, maconha, heroína, LSD...

Escreva uma dissertação que condene ou absolva os usos positivos ou negativos da web. Essas argumentações podem tratar, por exemplo, do potencial da rede para ampliar horizontes culturais, realizar trocas de informações e romper isolamentos geográficos. Afinal, nas palavras do filósofo francês Pierre Lévy, ela é um ambiente que permite a comunicação de "muitos com muitos", criando uma memória social e uma inteligência coletiva.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Desigualdade à flor da pele

Atividades de Sociologia- EJA - Ensino Médio
Desigualdade à flor da pele

ConteúdoEtnias e racismo

Objetivos Conhecer e debater os argumentos favoráveis e contrários à manutenção do sistema de cotas

Reportagem da Veja: Cotas: o justo e o injusto

Introdução
Inaugurado no Brasil em 2001, quando o Rio de Janeiro instituiu o primeiro modelo em suas duas universidades estaduais, o sistema de cotas para minorias (negros e egressos de escolas públicas) no Ensino Superior ainda gera polêmica. Em sua coluna desta semana, a escritora Lya Luft lança sua opinião contrária às cotas, por enxergar nelas uma série de conseqüências que, paradoxalmente, reforçariam o que tentam — em tese — combater. Segundo ela, as cotas terminam por afirmar que os negros são menos capazes e que a escola pública não tem salvação, uma opinião muito freqüente nessa polêmica. Curiosamente, depois de seis anos, os argumentos contrários às cotas são bem mais conhecidos do que os favoráveis. E os defensores, o que dizem? Será que nenhum dos males apontados pelos opositores das cotas foi previsto por seus idealizadores?
Veja o que aconteceu desde que as cotas entraram na cena educacional brasileira e para exercer uma problematização num outro patamar. Afinal, muito em breve vocês estarão enfrentando o funil do vestibular, e um debate mais aprofundado pode ajudá-los a estruturar novos pontos de vista.

Atividades

O arsenal jurídico e ético da igualdade

Cotas privilegiam alguns em detrimento de outros; cotas admitem que alguns cidadãos brasileiros são diferentes de outros; cotas, mais concretamente, dão a uma pessoa que se declara negra o direito a uma vaga na universidade mesmo que seu desempenho no vestibular tenha sido inferior ao de outro candidato. Como não se cansam de lembrar os adversários das cotas, tudo isso parece violar a Constituição brasileira e o princípio da igualdade ali exposto. Mas todo esse arsenal jurídico e ético é (e era) mobilizado para defender que esta igualdade se dê antes do vestibular? Antes da proposição das cotas, a desigualdade de formação das crianças e dos jovens brasileiros era alvo de tantos protestos? Os negros não são menos capazes. Então, por que permanecem como minoria nas universidades públicas brasileiras? Se todos os críticos das cotas e de suas deformações despenderem a mesma energia na luta pela igualdade das condições na base educacional e se forem tão críticos em relação ao que o ensino público é, a polêmica produzida pelas cotas já terá cumprido um papel importante.
Dê sua opinião: Existe um clamor público contra as condições extremamente desiguais da educação no Brasil?

Escola pública
O sistema público de educação é desigual: no Ensino Superior, ele é mais bem estruturado. Nossas melhores universidades são públicas e dedicam-se ao ensino e à pesquisa, algo que poucas instituições privadas conseguem fazer. Por sua vez, nos níveis fundamental e médio, a realidade é outra. Em especial nas grandes metrópoles, os indicadores obtidos nos exames nacionais mostram um quadro desalentador nas escolas públicas.
Qual é a conseqüência social dessa condição? Ninguém de "classe média baixa" para cima coloca seus filhos em escola pública e todos os outros que não podem migrar para o sistema privado permanecem como "derrotados" na rede pública. Não é verdade que está estabelecida a idéia de que ascender socialmente, vencer na vida, é conseguir migrar dos serviços públicos — educação, saúde e transporte coletivo — para os serviços privados — escola particular, convênio médico e automóvel? Se socialmente está legitimada a opção pelo ensino privado como o melhor, quem vai pressionar o estado a investir e melhorar o ensino público? É evidente que ele precisa mevoluir, mas há um clamor para isso? Quem, em sã consciência, pode ter uma expectativa real de mais qualidade no ensino público no Brasil? Enquanto essa possibilidade absolutamente incerta não dá nenhum indício sério de realização, como ficam as populações que estão condenadas ao ensino público? Sem cotas e sem universidade. Não é possível admitir que a idéia das cotas é uma medida de choque contra esse quadro imóvel? Pode ser uma medida discutível, mas causou algum abalo nessa inércia trágica.
E agora, como recuperar a escola pública? considerando esse contexto, promovida pela idéia das cotas.

O que fazem as universidades
Algumas universidades adotaram um regime de cotas para o ingresso nos seus quadros. A maioria delas, porém, não agiu dessa maneira. Apesar disso, a proposição de cotas causou mudanças, mesmo nas instituições em que foi negada. Por exemplo: descobriu-se, em algumas delas, que muitos "candidatos a candidatos" não se inscreviam no vestibular porque nem sequer tinham recursos para pagar a inscrição. Essa constatação resultou em formas de garantir a inscrição, isentando os candidatos carentes dessas taxas. A recusa das cotas obrigou os que eram contra elas a apresentar propostas melhores para solucionar a questão da desigualdade de oportunidades. E levou as universidades a se importarem com o que acontece no universo dos candidatos que as procuram. Mas ainda há muito a fazer. Um exemplo significativo da maior universidade brasileira, a Universidade de São Paulo: praticamente não há professores formados em seus cursos que exercem a profissão no sistema público do mesmo estado, só na rede privada.

Se a universidade pública pretende (e deve) interferir no quadro do ensino básico, garantindo algum nível de igualdade de oportunidades, não deveria trabalhar no sentido de estimular a presença de seus formandos no sistema público?

O que as universidades devem fazer para democratizar as oportunidades de trabalho?
Ou só formar resolve o problema?

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O sistema de COTAS é justo ou é exclusão social?

Projeto de Sociologia - EJA - Ensino Médio
Afinal, o que é a classe média?

ConteúdoDesigualdade social

Objetivos Compreender e debater os critérios que definem as divisões dos segmentos sociais

Conteúdo relacionado
Reportagem da Veja: O movimento dos Sem-Bolsa


Reinaldo AzevedoO Movimento dos Sem-Bolsa

"Um grito de protesto da classe média é ilegítimo? É ela hoje o verdadeiro 'negro' do Brasil. Ninguém a protege: estado, ONG, igrejas, nada... Corajosa, sem líder, sozinha, sem tucano, vaiou no Rio, vaiou em São Paulo, quer vaiar no Brasil inteiro"
Quem tem boca vaia Lula. A frase é lema e divisa de um bom número de inconformados. Os apupos explodiram primeiro no Maracanã, na abertura dos Jogos Pan-Americanos. O presidente estava lá. Foram reiterados na cerimônia de encerramento, da qual ele se manteve a uma prudente distância. Em São Paulo, milhares de pessoas enfrentaram o frio numa passeata, unidas pela palavra "Cansei". As 75 000 vozes do 13 de Julho, no estádio carioca, eram um protesto e uma premonição: quatro dias depois, 199 corpos assariam na pira macabra da desídia. Não sei quem se surpreendeu mais com o coro dos descontentes: o próprio Lula, acostumado aos paparicos de seus bolsistas, ou as oposições, em especial o PSDB, cujos líderes trocam bicadas para ter o discutível privilégio de ser o preferido do Estimado Líder.
Surpresa? Vaias e passeata nada têm de inexplicável. Lula obteve o segundo mandato com 58 milhões de votos – e isso significa que 66 milhões de eleitores não o escolheram. Lanço aqui uma sombra de ilegitimidade sobre o seu mandato? Não – até porque acho o voto obrigatório indecente. Relevo é o fato de que o petista está longe de ser uma unanimidade. A exemplo do que se viu no primeiro mandato, as dificuldades políticas que ele enfrenta, no entanto, são obra de seus próprios aliados e de sua administração, jamais dos adversários. E por quê? Porque o Brasil esqueceu – e esta é uma tarefa das oposições – como se faz política sem crise econômica.
Desde a redemocratização, é a tal crise, ou a ameaça dela, que pauta o debate. Ela tem sido o elemento redutor de todas as divergências e demandas. Ora, catorze anos de aposta na estabilidade, já caminhando para quinze, expulsaram esse fantasma. Em algum lugar, é certo, ele se esconde. Mas isso é verdade para qualquer país – a prosperidade perpétua é uma utopia. Ocorre que não adianta mais anunciar nem o apocalipse nem a redenção. Quem quiser tomar a cadeira do PT vai ter de redescobrir a política, que pauta os debates e divide opiniões nas outras democracias.
Antes que prossiga na trilha do primeiro parágrafo, permitam-me uma digressão. A Al Qaeda eletrônica do petismo e os colunistas que jamais dizem "Epa!" apressam-se em abraçar duas explicações distintas, mas combinadas, para os protestos:
1) partem da classe média branca e incluída;
2) são manifestações manipuladas por golpistas. Os petistas estão indecisos, como se vê, entre o arranca-rabo de classes e a teoria conspiratória. Os terroristas cibernéticos – células dormentes da esquerdopatia despertadas para defender o chefe – atuam para tirar dos ombros de Lula a responsabilidade por seu próprio governo.
Ainda que estivessem certos, pergunto: um grito de protesto da classe média é ilegítimo?
É ela hoje o verdadeiro "negro" do Brasil: paga impostos abusivos; não utiliza um miserável serviço do estado, sendo obrigada a arcar com os custos de saúde, educação e segurança; tem perdido progressivamente a capacidade de consumo e de poupança; é o esteio das políticas ditas sociais do governo, e, por que não lembrar?, ninguém a protege: estado, ONG, igrejas, nada... Está entregue a si mesma: nas escolas, nas ruas, nos campos, nos aeroportos. Pior: está proibida até de velar os seus mortos. Quando um classe-média morre de bala perdida ou assado num avião, o protesto é logo abafado pela tese delinqüente de algum cientista social ou jornalista que acusa a gritaria dos incluídos. Lula foi vaiado no Maracanã porque era o nhonhô na senzala dos escravos do seu regime.
Começo aqui a juntar o fio da minha digressão com aquele que está lá no início do texto. É possível, sim, que houvesse no Maracanã e nas ruas de São Paulo uma maioria de pessoas da classe média. São os espoliados do regime lulista, mas também homens livres porque não dependentes da caridade estatal, da papa servida na senzala ou na casa-grande. Eu lhes apresento o MSB: o Movimento dos Sem-Bolsa. Não são nem os peixes grandes, que se alimentam da Bolsa-BNDES, nem os peixes pequenos, que vivem do Bolsa Família. A classe média, coitadinha, se financia é nos bancos mesmo, sem taxa camarada.
Corajosa, sem líder, sozinha, sem tucano, vaiou no Rio, vaiou em São Paulo, quer vaiar no Brasil inteiro. Os oposicionistas estão se fazendo de surdos. Se é para levar alguns espertalhões para o Conselho de Ética, deixam a tarefa para o PSOL. O governo debate a ampliação do aborto legal e chega a adotar um método abortivo, contra a Constituição? Eles ignoram. Lula veta uma emenda da Super-Receita e pode provocar um desastre nas microempresas de serviços? Quatro milhões de pessoas ficam ao relento, sem apoio. Um grupinho de aloprados resolve recriar a censura prévia no país? Não se ouve uma voz graduada em sinal de protesto. A crise nos aeroportos mata? A reação é não mais do que burocrática. Debate-se a possibilidade de as Forças Armadas agirem no combate ao crime, em vez de ficar internadas, engraxando baionetas enferrujadas? Os líderes da oposição, especialmente tucanos, nada têm a dizer. O país cobra a maioridade penal aos 16 anos? Eles esperam passar o clamor.
O austríaco Sigmund Freud (1856-1939), pai da psicanálise, perguntou, certa feita, sem chegar a uma resposta definitiva: "Mas, afinal, o que querem as mulheres?". Serei o barbudo de charuto do PSDB e do DEM: "Mas, afinal, o que querem as oposições?". Admito que elas não formem um grupo homogêneo, o que as impede, sei bem, de desejar uma única coisa. Se as mulheres vistas por Freud demonstravam uma inquietude sem alvo ou ainda sem objeto definido (ao menos para ele), as oposições padecem é de excessiva quietude e condescendência com o lulismo. E gostam de se comportar como a mulher do padre: deixam que o petista defina a sua identidade e só exercem o papel que Lula lhes outorga.
Assim, vai-se fazendo uma política que se manifesta como negação da política: líderes oposicionistas, especialmente os governadores, estão sempre ocupados em negar que tal ou qual ação seja contra o governo federal – como se fosse um ato criminoso opor-se a ele. Cria-se uma cisão, que é pura especulação teórica, sem base empírica, entre "administrar" e "fazer política". E qual é o marcador dessa falsa disjunção? A economia. Como não se vislumbra a possibilidade de uma crise nos três ou quatro anos vindouros, os oposicionistas, sobretudo tucanos, parecem ambicionar apresentar-se como a resposta necessária para os desafios do pós-Lula – mas de braços dados com o lulismo.
Há nessa pretensão uma formidável ilusão, que consiste em supor que se possa ter um lulismo sem Lula; que se possa apenas dar mais eficiência à economia, mas preservando os fundamentos do estado patrão, assistencialista, gigante e reparador. As oposições refugam todas as chances que apareceram de ter uma agenda própria e de falar àquela gente do Maracanã e dos aeroportos. Gente capaz de, resistindo à gigantesca máquina oficial de culto à personalidade, vaiar Lula. Os que deveriam liderar a resistência tornam-se caudatários e até propagandistas do assistencialismo, tentando emular com aquele que deveria ser o seu antípoda. E eu lhes digo: inexiste um lulismo virtuoso, universitário, de barba feita e gramática no lugar. Inexiste o lulismo sem Lula.
Sim, a vaia do Maracanã era um protesto e uma premonição; expressava um juízo sobre o passado e traduzia uma expectativa, macabramente cumprida. O Maracanã e o movimento "Cansei" não são o Brasil, sei bem. Mas são bastante representativos da parcela que não tem nem Bolsa Família nem Bolsa BNDES. Um Brasil que, pasmem!, é a imensa maioria. Falta que se tenha essa clareza. A crise política que aí está é uma crise de liderança das oposições. Ou alguém se apresenta ou já pode ir-se preparando para entrar também na fila da vaia.
Introdução Um ríspido debate público vem assumindo a cena principal na imprensa brasileira. Ele tem significado e peso sociopolíticos que devem ser levados a sério, mas seus protagonistas não são os chamados políticos profissionais, atores costumeiros vinculados a legendas partidárias. Renascidas das cinzas após o fracasso do socialismo, surgem na discussão as classes sociais. A argumentação de Reinaldo Azevedo, que defende as manifestações e posições da classe média, enquadra-se nesse cenário. O texto permite que você explore alguns conceitos sociológicos bastante atuais - e outros que remontam às teorias marxistas. Atividades1ª aula - Com o auxílio do professor de Língua Portuguesa, promova a leitura coletiva do artigo, cuidando para que a turma compreenda plenamente as idéias do autor. Destaque a ironia da frase "Quem tem boca vaia Lula", que parodia um conhecido ditado popular. Se for o caso, lance mão de um dicionário para esclarecer o sentido de expressões pouco usuais, como desídia, digressão, nhonhô, disjunção, caudatários, emular e antípoda. E discorra acerca do significado do neologismo esquerdopatia, uma doença que supostamente aflige os políticos de orientação socialista. Faça ver que o ensaísta de VEJA defende a legitimidade da intervenção da classe média na vida política. Contra o que e contra quem se insurge esse estrato social? E as demais classes, que posições assumem nesse contexto? Encontrar a resposta não é fácil, pois tudo merece antes outra análise. Afinal, o que é a classe média? Quais são as outras? É produtivo observar a sociedade com base na divisão de classes? Ressalte que a existência de tais segmentos nem sempre é evidente. Conforme os critérios adotados, enxergamos classes que não perceberíamos seguindo parâmetros diferentes. Um fato, no entanto, é emblemático: um setor da sociedade paulistana, com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), lançou um movimento denominado Cansei. Adesões e críticas à iniciativa vêm ocorrendo com ampla divulgação da mídia. O fenômeno traz à tona algo que se enuncia como uma expressão em desuso: o seu "caráter de classe". Em outras palavras, mesmo sem saber, seus signatários parecem falar em nome dos interesses de alguns, e não da coletividade. E quem seriam esses "alguns"? Para certos críticos, as "elites" endinheiradas e, para outros, a classe média. Também há quem entenda que os dois termos soam como sinônimos. Resta muito a refletir sobre essa questão, que reforça divisões, marca diferenças, acelera ressentimentos etc.

• As diferenças sociais e o critério de renda
– As sociedades modernas proporcionam a seus membros uma liberdade individual e uma participação na vida política inviáveis no passado. Tanto do ponto de vista pessoal quanto do coletivo, as tendências passaram a ser democráticas. E, no plano econômico, o acesso à riqueza é, em tese, mais aberto do que foi sob os moldes tradicionais. Mas, na prática, a realização das sociedades contemporâneas é bastante complexa e boa parte de suas dinâmicas diverge da teoria. Em suma, esses conjuntos são internamente muito desiguais. Ao longo do tempo, foram desenvolvidas várias formas de detectar e interpretar tais diferenças. Nesse esforço é que se consagrou o conceito de classe social.
Manifeste sua opinião: As classes sociais existem de modo inequívoco e todos as enxergam da mesma maneira? Justifique.


Quando falamos em classe média, supomos que ela ocupa uma posição intermediária em relação a dois extremos, um superior e outro inferior.
Mas como se determina isso?

O que é esse grupo intermediário? Perceba que: só parece lógico definir como médio algo que pode ser aferido numericamente. Não por acaso, a palavra média faz parte do jargão estatístico. O que caracteriza a classe média é seu quinhão de riqueza - ou renda. Os membros dessa categoria, portanto, se enquadram numa faixa de renda mediana. No caso brasileiro, em que o salário mínimo atual é de 380 reais, quem ganha até cerca de seis salários para sustentar a família pode ser chamado de pobre. Os que recebem de sete a uns quarenta salários formam a classe média (com suas subdivisões média-baixa e média-alta). A renda mensal superior a 20000 reais situa o início da escalada para as classes altas. Deixe claro que esses números são mais ou menos arbitrários.

Delimitar classes sociais assim é suficiente?

Esse padrão traduz toda a complexidade das desigualdades brasileiras?

Então, quais são os valores, os desejos, os comportamentos e os interesses desse setor?

Será que pertencem às camadas pobres um professor ou um advogado cuja renda é bem menor que a de um operário metalúrgico?

• A estrutura social vista por outro ângulo
– A obra de Karl Marx traz uma das mais célebres descrições de classe social. Segundo o pensador alemão, compõem um determinado segmento todos aqueles que ocupam na estrutura produtiva a mesma função e posição. Nessa concepção, os donos dos meios de produção - as fábricas, por exemplo - formam a burguesia. Os que possuem apenas a força de trabalho e a vendem por um salário ao burguês pertencem ao proletariado. Eis as duas classes fundamentais para o marxismo. O restante configuraria a "pequena burguesia": profissionais autônomos - médicos, advogados, administradores públicos etc. - que, se não são burgueses, em alguma medida comungam valores com eles.
Esse jeito de definir classes perdeu prestígio e poder explicativo com o passar do tempo, porém ainda conta e se relaciona fortemente com as noções de esquerda e direita, mencionadas no artigo acima. Digamos que é uma dimensão da sociedade que não coincide com a distribuição de renda, mas que também está presente na nossa realidade.

Para dar continuidade às discussões, pesquisem outros critérios de divisão social. Os modelos citados aqui, no entanto, continuam formando opiniões, embora não sejam tão fiéis à realidade do mundo em que vivemos. Lembre que a propalada desproteção à classe média desconsidera a absurda concentração de renda que persiste no país.

Para encerrar, participe com dissertações individuais sobre o tema.

Felicito a sua participação! Esse blog é nosso! Visite-o sempre!

Consumismo Globalizado

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ConteúdoÉtica e cidadania

Objetivos Avaliar aspectos do consumo na sociedade contemporânea

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Reportagem da Veja: A guerra do sabão
Ariel, campeão de venda em outros países, tenta desbancar Omo,o preferido no Brasil
André Viana

A batalha milionária está sendo travada em várias frentes, mas o vencedor será aquele que conseguir provar na lavanderia que deixa a roupa mais limpa, mais branca e mais cheirosa. Depois de aceitar por mais de quatro décadas que Omo lava mais branco, como se isso fosse uma verdade universal, as donas de casa estão sendo convidadas a dar uma revirada num dos mais enraizados hábitos de consumo brasileiro e experimentar um novo sabão em pó: Ariel, líder de vendas em vários países. O que está em disputa é um mercado que movimenta 1 bilhão de dólares por ano e está atulhado de tentativas fracassadas de abalar a liderança do Omo. Desta vez pode ser diferente. A Gessy Lever, subsidiária brasileira da anglo-holandesa Unilever e dona do Omo, tem pela frente um desafiante disposto a apostar pesado. Gigante mundial do setor de higiene e limpeza, a americana Procter & Gamble planeja gastar 120 milhões de dólares nos próximos dois anos na promoção do Ariel. A disputa entre as duas marcas não é travada apenas por aqui. Elas enfrentam-se nas lavanderias no mundo todo – mas só no Brasil a Procter & Gamble está em posição de tanta desvantagem.
Oito de cada dez pacotes de sabão em pó vendidos no país levam o carimbo da Gessy Lever, e metade deles é da marca Omo. A razão de tanta fidelidade está num relacionamento assentado há décadas. Lançado em 1957, o Omo (sigla para Old Mother Owl, "velha mãe coruja" em inglês) foi o primeiro detergente sintético em pó nos lares brasileiros. Chegou junto com as primeiras máquinas de lavar roupa, então só encontradas nas casas mais abastadas, e ganhou consumidores com a entrada das mulheres no mercado de trabalho. As donas de casa já não tinham tempo para ficar de barriga colada ao tanque, esfregando roupa suja com sabão em barra produzido à base de óleos e gorduras vegetais. No ranking das marcas que mais geram receita no Brasil, o Omo, com 600 milhões de dólares anuais, só perde para a Coca-Cola. "O produto líder de mercado pode contar com a fidelidade do consumidor", analisa o publicitário paulista Julio Ribeiro, presidente do grupo Talent. "O hábito de consumo torna o líder teoricamente imbatível." Quando não encontra a marca predileta na prateleira do supermercado, mostra um estudo, o consumidor acaba gastando três vezes mais tempo do que o habitual para fazer a compra.
O que atraiu a Procter & Gamble foi o crescimento no consumo brasileiro de sabão em pó, que pode saltar para 2,5 bilhões de dólares em 2002. Isso reflete, em parte, o aumento na quantidade de máquinas de lavar roupa depois do real e certas mudanças de hábito. As brasileiras estão deixando de lado o velho costume de esfregar colarinhos e meias encardidas com sabão em pedra antes de colocar a roupa na máquina. Se a Procter & Gamble não se intimida com o poder da concorrente é, sobretudo, porque o Ariel vem embalado numa história de sucesso. Vendido em 85 países, é o sabão em pó mais consumido na Europa e nos Estados Unidos. Com 162 anos e cerca de 300 produtos – alguns bem conhecidos dos brasileiros, como as pastilhas Vick, os absorventes Tampax, o sabão em pó Quanto e as batatas Pringles –, a Procter & Gamble é o maior anunciante do mundo, seguido de perto pela Unilever. A empresa decidiu mudar o jeito de a brasileira lavar roupa em 1996, quando comprou três marcas de sabão em pó da Bombril, protagonista de outra tentativa fracassada de quebrar a hegemonia do Omo. Em três anos, mesmo antes do lançamento do Ariel, a Procter & Gamble ocupou 12% do mercado. "Em um ano, vamos atingir 22% do mercado de sabão em pó no Brasil – 10% somente com o Ariel", garante Edward Jardine, presidente da Procter & Gamble no Brasil, no Chile e na Argentina. "O Ariel vence em outros países, mas aqui no Brasil o espaço é nosso", desdenha Antonio Kriegel, diretor da área de detergentes da Gessy Lever. Vai depender, evidentemente, de qual lava mais branco.
Montagem de Pepe Casals sobre fotos de: J. Miranda e Tiago Talarico



Introdução
Imagine duas mulheres fazendo compras em um supermercado. A primeira, que recebe 10 mil reais por mês para dirigir a área de vendas de uma empresa, examina um pacote de biscoitos suíços, iguaria que experimentou na Europa. Depois de comparar os preços, decide levar um similar nacional, também saboroso e mais barato. A outra consumidora, dona de casa, administra os quatro salários mínimos mensais que o marido ganha como motorista. Mesmo correndo o risco de estourar o orçamento familiar, leva os biscoitos suiços, que ela já havia visto nos comerciais da TV. Todo mundo consome. Do descaroçador de azeitonas ao relógio de grife, do tênis ao carro importado, da obra de arte ao bichinho virtual, do hambúrguer aos brincos de diamante, tudo está à venda. A economia capitalista depende de produção e comércio, e a comunicação desempenha um papel decisivo nesse processo. O texto enfoca recursos da publicidade e do marketing, que não medem esforços para convencer o público a preferir determinados produtos - ou para adequar suas mercadorias ao gosto da clientela. No exemplo do supermercado, o comportamento da dona de casa humilde, que não hesitou em escolher um produto além de suas posses, recebe uma óbvia influência da publicidade.

Discussão secular
A necessidade cria o desejo? Ou seria o contrário? O debate sobre a sociedade de consumo já dura quase um século. O movimento de defesa dos consumidores acusa os publicitários de povoar a mente do público com falsas necessidades consumistas, totalmente dispensáveis. A publicidade, por sua vez, retruca: ela não cria as necessidades; apenas descobre, por meio de pesquisas, os desejos mais íntimos das pessoas. Então, lança no mercado produtos sob medida para atender às expectativas. É verdade que a publicidade têm exageros, mas acreditar que ela têm o poder de impor maquiavélicos padrões de consumo, seria tão ingênuo quanto acreditar na existência de bruxas. Seja qual for a assertiva que se escolha, uma idéia merece crédito - foi nos anos 1900 que a sociedade de consumo nasceu, desenvolveu-se e amadureceu. Em seu ensaio Breve Século XX, o historiador Eric Hobsbawn situa o início do fenômeno do consumismo: "O novo comportamento das pessoas na fase de ouro do consumo (começa) nas décadas do pós-guerra. Esta é a época na qual a publicidade e a aceleração do consumo ganham seu grande impulso, sobretudo nos Estados Unidos. E os valores americanos não estão se universalizando com a globalização do mundo? E como valorar essas mudanças?" Consumir é vital
Um relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) conclui que "a vida humana é fundamentalmente alimentada e sustentada pelo consumo. A abundância de consumo não é crime. Ele tem sido, de fato, o sangue da vida de muito do progresso humano. A verdadeira questão não é o consumo em si mesmo, mas os seus padrões e efeitos. Os padrões de consumo de hoje devem ser mudados para fazer progredir o desenvolvimento humano de amanhã". Eis o epicentro do nosso debate. Que tal educarmos o consumidor para agir de modo mais consciente? Seus gostos, desejos e anseios devem prevalecer. Mas ele precisa saber o que é realmente necessário e o que não passa de supérfluo entre as suas possibilidades de aquisição num mercado ávido pelo dinheiro dos gastões compulsivos. Deixar-se seduzir pela publicidade não é o problema. Grave mesmo é ser ingênuo, passível de manipulação.

Atividades
1. Estamos na era da propaganda globalizada. Das dez principais agências de publicidade brasileiras, sete foram compradas ou associaram-se a agências internacionais. Cada vez mais são divulgadas campanhas mundiais, que não têm necessariamente alguma relação com as realidades locais.
Você consegue distinguir um anúncio que apela aos valores regionais de uma peça publicitária mundial.
Dê exemplos.

2. Segundo analistas da comunicação, as propagandas de tênis anunciam o produto-símbolo da globalização, na medida em que os calçados esportivos gozam da preferência geral dos consumidores.
Você concorda com essa idéia? O tênis é um ícone? De quê? A publicidade tem alguma relação direta com esse fato?

3. Uma pesquisa recente promovida pelo Ibraco (Instituto de Altos Estudos de Comunicação) sugere: "quando a propaganda divulga um destes produtos para o seu público-alvo, está produzindo um efeito além do mercadológico, criando o referencial de padrão de vida e de bem-estar para toda a sociedade. É neste plano que se faz presente a sua responsabilidade social e o seu envolvimento com a ética no sentido mais amplo e social do termo".
Discorra(fale) sobre as responsabilidades éticas e sociais do publicitário.
Onde a liberdade de expressão do comunicador entra nesse contexto?

4. Outra pesquisa revela que os jovens de uma favela do Rio de Janeiro compram tênis importados mas temem chegar em casa ostentando seus calçados - para não serem roubados no caminho. A exclusão social, somada à aparente possibilidade de acesso a produtos e serviços que a publicidade democraticamente "disponibiliza" é uma causa da violência crescente em nossa sociedade?

5. Quando você adquire um produto de determinada marca, que critérios adota na escolha?
Compra porque é a marca que todos usam?
A propaganda chamou a sua atenção?
A qualidade do produto pesa mais nessa decisão?
Ou a compra é movida pelo hábito?
Nesse caso, o que o levou a optar por essa marca pela primeira vez?


Consultoria Marcelo Gomes SodréProfessor de Direito da PUC de São Paulo

terça-feira, 16 de junho de 2009

EXCLUSÃO DIGITAL

A exclusão social digital dá-se principalmente pela falta de poder aquisitivo da grande maioria, estes não conseguem comunicar-se com a mesma velocidade dos incluidos, pois os últimos estão conectados em redes de computador que tem uma rapidez quase instantanea, com isso suas mensagens são transmitidas em tempo recorde dispensando a ida ao correio, isso então mobiliza a comunicação e as oportunidades a essa camada.
Os excluidos perdem terreno em todas as áreas de informação por não ter computador conectado a provedor, a linha telefonica e condições financeiras de adquirir o conhecimento para operar, fica então essa camada limitada à informações escrita e televisiva, deixando de saber até o que acontece no seu proprio país
Na obra O que Educação, o autor Carlos Rodrigues Brandão, reflete um dilema que oculta outros, a educação é de concepção subjetiva e objetiva, e social e também afirma que o profissional da educação deve ser o mediador entre o educando e as novas tecnologias.
Após estudos realizados, é impossivel continuar na velha estrada, os conhecimentos adquiridos em um curso relevante a novos paradigmas, muda-se conceitos e cuja filosofia não se dirigia somente aos objetos práticos, aos valores e as virtudes, mas também ao conhecimento tecnológico-cientifico. Fatores necessários para uma construção de vida e novos horizontes profissionais.
Ao termino deste curso concluí que ainda é necessário
investimentos humanos e financeiros, muita pesquisa, estudo e planejamento para que o conhecimento científico-tecnológico seja prioridade no Brasil. Os instrumentos tecnológicos levados para a sala de aula são benéficos ao ensino, o computador para pesquisa, o celular para a comunicação do grupo (aluno) e integração educador / educando.
Tem várias utilidades na área tecnológica vista que ambos tem inúmeras funções.Com a minha colaboração, a sua, o envolvimento de vários grupos e com a ajuda de toda a humanidade pode-se ter um futuro com mudanças comportamentais, uma era de cidadãos conscientes.

Apresentação

Olá, eu sou a professora Olga Cristina, graduada em Letras e especializanda em Gestão Educacional, estou dinamizadora da biblioteca e sou professora de Português e Sociologia no Colégio Estadual Jardim Cascata.
Convido vocês a participarem desse blog para propagar e divulgar nossas idéias e experiências tão ricas, as quais adquirimos em cada curso, em cada amizade, a cada dia que nossos paradigmas se confrontam com o de alguém. SEJA ESSE ALGUÉM, DIVULGUE AQUI SEUS IDEAIS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!